Projecto Troika testemunha impacto da intervenção externa

Colectivo com oito fotógrafos e um realizador, que documentou as consequências sociais do programa de ajuda financeira, considera que o país foi invadido por "um grupo" e que os portugueses vivem "sob um resgate de anos".

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Adriano Miranda

A apresentação do livro e do DVD do Projecto Troika realiza-se este sábado, às 17h30, na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa, um dia depois da apresentação no Porto.

O fotojornalista Adriano Miranda disse que o balanço da iniciativa "é muito positivo", tendo acabado por se obter "nove trabalhos completamente diferentes sobre o mesmo tema".

Entre esses trabalhos encontra-se "Acima das Nossas Possibilidades", filme de Pedro Neves, estreado na quinta-feira, no cinema Passos Manuel, no Porto, no âmbito do Porto Post/Doc.

Além dos fotojornalistas do PÚBLICO Adriano Miranda e Paulo Pimenta e do realizador Pedro Neves, o colectivo Projecto Troika conta com os fotógrafos António Pedrosa, Bruno Simões Castanheira, José Carlos Carvalho, Lara Jacinto, Rodrigo Cabrita e Vasco Célio.

O colectivo lançou o projecto no começo do ano, sem apoios externos, e desenvolveu uma campanha de angariação de fundos através da página www.projectotroika.com, para reunir financiamento de modo a publicar um livro e um filme. A campanha ultrapassou o objectivo de 15.000 euros.

"Desde 2008 que a sociedade portuguesa é assaltada por ameaças de colapso – económico, primeiro, mas consequentemente de toda a estrutura social – pelos políticos, estudiosos, académicos e demais especialistas de todos os quadrantes que, com melhores ou piores estudos, vão alimentando a esperança ou desesperança de um povo", lê-se na apresentação do projecto, na página da Fábrica de Braço de Prata, que acolhe este sábado a apresentação em Lisboa.

"Mas o que aconteceu na realidade?", prossegue a apresentação da iniciativa. "Fomos invadidos por um grupo que, a mando da regulação e regulamentação, a par dos governantes por nós eleitos, vai introduzindo medidas imprescindíveis para a nossa salvação. Vivemos sob um resgate de anos, feito de medidas governamentais, sem qualquer responsável, sem alguém a quem possamos culpar", conclui a introdução às imagens recolhidas pelo colectivo, através do país, nos dois últimos anos.