Professores de Inglês "voluntários à força" para a correcção da prova
Sem candidatos à correcção do teste elaborado pela Universidade de Cambridge, o Ministério da Educação e Ciência está a telefonar aos directores das escolas dizendo-lhes para indicarem professores para aquela actividade, que, de acordo com os diplomas legais, é voluntária.
A tentativa de recrutar voluntários para rapidamente fazerem a formação (um requisito obrigatório para os classificadores deste teste) está a ser feita desde, pelo menos, esta quarta-feira. Ou seja, num momento em que já decorre o prazo para a realização da componente oral do teste, que teve início a 24 de Março e termina a 30 de Junho. A componente escrita da prova, igualmente obrigatória para todos os alunos do 9.º ano e aberta a estudantes do 10.º, 11.º e 12.º, está marcada para o dia 30 de Abril.<_o3a_p>
“Mais uma vez, temos o MEC a provocar instabilidade e turbulência nas escolas, num momento decisivo do ano lectivo”, criticou Pedro Araújo, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), considerando os telefonemas e os emails com o registo de inscrição da bolsa de classificadores "uma forma de pressão". Segundo disse, "directores de diferentes estabelecimentos “estão a proceder de formas diversas”, uns acatando a indicação e outros recusando-a, “com prejuízo para os alunos e para os docentes, que, na prática, são voluntários à força”. <_o3a_p>
Na sua escola, em Felgueiras, a direcção indicou uma pessoa, por ter entendido o telefonema como “uma ordem”, diz Pedro Araújo. Admite, contudo, que os termos da mensagem electrónica que recebeu da Dgeste (Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares), a formalizar o pedido, e com prazo de resposta de menos de três horas, não são taxativos. À direcção é dito que, “no âmbito das competências que lhe são atribuídas, deverá diligenciar no sentido de promover a cooperação dos docentes visados”. <_o3a_p>
“O despacho do MEC de 19 de Março é claro em relação ao facto de se tratar de uma actividade voluntária, mas o que foi dito no trelefonema e escrito no email é ambíguo”, comentou Filinto Lima, da direcção da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que diz esperar que “não 'sobre' para os directores que se recusaram, de forma fundamentada, a inscrever docentes”. Também este director indicou uma professora," na convicção de estar a cumprir uma ordem”, e, “principalmente”, diz, “a contribuir para que a prova se faça e seja corrigida, não frustrando as expectativas de alunos e pais”.<_o3a_p>
Aquela perspectiva é reforçada na mensagem recebida pelos directores do Norte. “Este é um compromisso nacional que diz respeito a todos os intervenientes”, argumentam os representantes do MEC, referindo-se ao teste elaborado pela Universidade de Cambridge. Não convenceu todos os directores, alguns, quando contactados pelo PÚBLICO, disseram ter recusado preencher os formulários com dados de professores que não se voluntariaram.<_o3a_p>
Filinto Lima afirma não entender como é que o MEC não previu a falta de voluntários, que, também na perspectiva de Ana Neves, presidente da Associação Nacional de Professores de Língua Inglesa (ANPLI), “era expectável”. “Os professores estão a dar aulas a mais turmas, cada uma delas com um número mais elevado de alunos, andam sobrecarregadíssimos de trabalho”, fez notar Ana Neves. Filinto Lima sublinhou "a falta de compensações" para quem terá aquele acréscimo de trabalho. <_o3a_p>
Contactado pelo PÚBLICO o MEC não respondeu a nenhuma das questões colocadas sobre este assunto, registando apenas, através do gabinete de imprensa, que “o teste de diagnóstico é de aplicação obrigatória” e que “o processo de classificação tem de ser assegurado por professores de Inglês”. <_o3a_p>