Portugal volta a cair em ranking sobre igualdade de género

Avaliação feita pelo Fórum Económico Mundial coloca país no 51.º lugar entre 136 - o pior resultado desde 2006. Relatório atribui resultado à degradação das condições salariais dos portugueses.

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Enric Vives-Rubio

O resultado português é o pior desde 2006, o primeiro ano em que o Fórum Económico Mundial publicou este documento e em que o país ficou em 33.º lugar. Em 2007 caiu para 37.º, em 2008 para 39.º e em 2009 para 46.º Em 2010, Portugal conseguiu melhorar e subir para a 32.ª posição, mas em 2011 já voltou a perder em algumas categorias e voltou para 35.º e em 2012 desceu ainda mais, para a 47.ª posição. No período de apenas um ano a situação agravou-se e no relatório lê-se que o resultado pode ficar a dever-se à “quebra nos rendimentos” do trabalho a que se assiste no país.

Além da posição do ranking, o relatório atribui também um índice a cada país que varia entre zero e um (onde um representa a igualdade total) e no qual Portugal conseguiu um registo de 0.7056 nesta edição de 2013 que contou com dados de 136 países.

Para este valor contribui a avaliação feita pelo documento em várias áreas, nomeadamente oportunidades e participação económica, em que o país fica em 56.º lugar, piorando uma posição em relação ao ano passado. Em termos de educação subiu, contudo, da 57.ª para a 56.ª posição e no campo da sobrevivência e saúde manteve-se no lugar 83. A área da participação política é, ainda assim, aquela em que o país tem melhor posição, mas piorou do 43.º lugar para o 46.º.

A redução da desigualdade na Europa apresenta uma polarização, com um grande contraste entre a Europa ocidental e do Norte, por um lado, e a Europa do Sul e oriental, por outro lado, diz o Fórum Económico Mundial.

Olhando apenas para a União Europeia, a lista é encabeçada pela Finlândia (que é aliás a número dois a nível mundial), seguindo-se Suécia, Irlanda, Dinamarca, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Luxemburgo, Lituânia, Espanha, Eslovénia, Bulgária, França e Croácia, que é o último país a ficar à frente de Portugal, em 49.º lugar. Pior que os portugueses estão dez países: Polónia, Estónia, Roménia, Itália, Eslováquia, Chipre, Grécia, República Checa, Malta e, por fim, Hungria, na 87.ª posição.

O resultado português vai em linha contrária à tendência mundial. A nível global, os países conseguiram reduzir as desigualdades entre homens e mulheres, com excepção do Médio Oriente e África do Norte, sendo o Iémen o país com um pior desempenho.

Da Islândia ao Iémen
Aliás, a lista dos países onde existem menores diferenças é encabeçada pela Islândia, seguida da Finlândia, Noruega e Suécia. Mas logo na quinta posição surgem as Filipinas, seguidas pela Irlanda, Nova Zelândia, Dinamarca, Suíça, Nicarágua, Bélgica, Letónia, Holanda, Alemanha, Cuba, Lesoto, África do Sul, Reino Unido, Áustria e Canadá.

Pela negativa, na cauda da lista, entre os últimos países estão antes do Iémen, o Paquistão, Chade, Síria, Mauritânia, Costa do Marfim, Irão, Marrocos, Mali e Arábia Saudita. Perto do fim da lista também se encontram países como a Turquia (120º lugar) ou a Hungria (87º).

Em comunicado, o Fórum Económico Mundial destaca que na América Latina e nas Caraíbas a desigualdade de género caiu 70% em 2013 – o melhor resultado a nível global. Também olhando para os números no seu todo, é possível perceber que os maiores progressos desde 2006 têm sido feitos na área da saúde e sobrevivência, seguindo-se a educação.

Mulheres na liderança: “um imperativo para hoje”
Já a igualdade económica e a participação política têm sido mais lentas a evoluir e são, aliás, responsáveis pelo atraso da maioria dos países, pelo que apesar de ter havido uma melhoria geral no segundo ponto de 2% ainda só se conseguiu reduzir as assimetrias em cerca de 20%. “Tanto nos países emergentes como nos desenvolvidos há poucas mulheres ocupando cargos de liderança económica, comparativamente com o número de mulheres no ensino superior e no mercado de trabalho em geral”, salienta o documento.

“É imprescindível que os países comecem a desenvolver uma visão diferente do capital humano – inclusive na maneira como impulsionam as mulheres para os cargos de liderança. Esta revolução mental e prática não é uma meta para o futuro, é um imperativo para hoje”, sublinha Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial, no mesmo comunicado.

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