PJ acredita que ataque informático ao Tribunal da Relação do Porto foi crime de sabotagem
Página do tribunal na Internet esteve ontem indisponível várias horas após ataque de grupo defensor da causa islâmica.
Apesar de o ataque ter colocado na página de Internet do tribunal uma imagem com alegadas mensagens de apoio à causa islâmica, a mesma fonte da PJ adiantou à Lusa não acreditar na tese, referindo que a polícia não tem conhecimento de nenhum grupo islâmico a atacar sites em Portugal.
Segundo avançou, um ataque de piratas informáticos ao Tribunal de Relação “só pode ter o objectivo de atrasar decisões” judiciais, ao impedir que outros juízes consultem acórdãos publicados que possam ser usados para ajudar noutros processos. “Isto configura um crime de sabotagem, que é um crime grave”, disse, lembrando que a pena pode ir até dois anos de prisão efectiva.
De acordo com a mesma fonte da PJ, os juízes dos tribunais de primeira instância costumam consultar os acórdãos do Tribunal de Relação do Porto por ter casos muito díspares e com argumentação útil, a fim de saber qual é a jurisprudência que está a ser aplicada a casos semelhantes.
A PJ vai investigar o caso, mas a fonte da instituição admitiu que a identificação dos responsáveis pelo ataque informático é “muito difícil”, já que os piratas utilizam habitualmente endereços de IP (Internet Protocol) mascarados, impossibilitando a identificação do local de onde partiu o ataque.
De acordo com a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, os piratas informáticos que invadiram a página da Relação do Porto apelidam-se de Dr. SHA6H e apresentam-se em diversos canais na Internet como defensores da causa islâmica e de Bin Laden.
O presidente do Tribunal da Relação do Porto, José Lameira, disse hoje à Lusa que desconhece se o “ataque” informático ao site daquela instituição foi “pura brincadeira” ou se pretendia transmitir alguma mensagem. José Lameira disse que o site esteve bloqueado durante algumas horas, tendo a situação sido resolvida pela empresa onde o site está alojado e com o apoio do Ministério da Justiça.