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Nas esplanadas portuguesas do Verão a paz e o sossego têm sido atacados por duas facções terroristas: a dos telemovistas e a dos fumadores.
Começo pelos fumadores. Já fui mas já não sou. Talvez por isso — para me castigar, tanto por 40 anos de vício alegre como pela muito recém-nascida inveja e hipocrisia — sou acometido por uma violenta dor de cabeça mal inspiro uma baforada de fumo secundário.
Será inveja? Pode ser. Enquanto fumei gostei muito de fumar. Deve ser inveja. Mas, mesmo assim, sofro mais do que deveria sofrer porque os fumadores nas outras mesas perto da nossa fumam para fora, para não contaminar os comensais.
Isto é: sopram o fumo na direcção de uma das mesas adjacentes, entregando-a aos caprichos dos ventos e da rosa-dos-ventos que abraça brutalmente todos os pontos cardinais, por muito inocentes que, à partida, sejam.
Acontece o mesmo com os telemóveis. Para não chatear os comensais os telemobilizados levantam-se e vêm gritar para os sítios onde se encontram 90% dos outros clientes. Não é só a generosidade de divulgarem as trocas de banalidades e burocracia com os inocentes que estão ali à procura da solidão, do silêncio e da falta de interferências nocivas levadas a cabo por parasitas barulhentos da paz dos outros.
É pior. Raios vos partam a todos.