Para os portugueses, a segurança e a liberdade são “necessidades fundamentais” para uma vida digna

Estudo pioneiro em Portugal procura identificar o “cabaz de bens e serviços” necessários para viver com dignidade.

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O estudo vai desenvolver-se em três concelhos do país Adriano Miranda

Esta é uma conclusão que já se pode retirar da primeira fase do estudo O que é necessário para uma pessoa viver com dignidade em Portugal?, que está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores das universidades Técnica de Lisboa e Católica.

A fase de definição do conceito de “nível de vida digno” para os portugueses chegou, agora, ao fim, num trabalho de sete meses que envolveu cerca de 200 pessoas residentes nos concelhos de Vila Nova de Gaia, Vila Franca de Xira e Beja. Em meados de Fevereiro serão divulgadas as primeiras conclusões, que servirão de base à fase seguinte, destinada a identificar o “cabaz de bens e serviços” considerados necessários para satisfazer estas necessidades.

Depois, serão calculados os seus custos e avaliada a razoabilidade da sua indicação. Haverá, ainda, uma ponderação das variações regionais e das diferenças entre os meios rurais e urbanos. Tudo para chegar, em Setembro de 2014, à definição de uma tabela de “Rendimento Adequado” para uma vida digna em Portugal que estabelecerá valores para diferentes tipos de agregados familiares.

Viver abaixo do “limiar de pobreza”
Estudos deste tipo já se realizam desde 2008 em Inglaterra. O Japão também está a realizar o seu e uma estudante da Universidade Técnica de Lisboa (UTL) está a tentar promover uma iniciativa do mesmo tipo em Timor.

José Pereirinha, docente da UTL e um dos coordenadores do estudo, considera que este trabalho, previsto para uma duração de dois anos e meio e apoiado pela Rede Europeia Anti-Pobreza, “constituirá um documento de grande importância para todos os portugueses, quer em termos de estudo, quer de influência prática nas suas vidas”.

E sublinha que se torna ainda mais pertinente numa altura em que a crise económica mexe muito com as condições de vida das pessoas e muitas vivem abaixo do chamado “limiar de pobreza”, que ele próprio tem vindo a baixar, acompanhando a quebra do rendimento médio das famílias.

“Estamos a tentar desenvolver um valor de referência para aquilo que a sociedade portuguesa considera que todos devem ter”, acrescenta Elvira Pereira, outra investigadora envolvida no estudo, frisando que a primeira fase já permitiu concluir que as pessoas valorizam não só os bens materiais necessários à vida mas também aspectos como a afeição, a identidade, a liberdade e a segurança.

“As pessoas falam de identidade quando falam na sua casa, por exemplo. Falam muito das questões da segurança económica. E sobretudo os idosos falam muito em ter um telefone ou um telemóvel por questões de segurança”, sublinha Elvira Vieira.

As próximas fases deste estudo vão centrar-se no concelho de Vila Franca de Xira, escolhido por misturar características urbanas e de ruralidade, pela sua proximidade com uma grande metrópole e por não se tratar de um município nem muito envelhecido nem muito jovem.

José Pereirinha salienta que o trabalho já desenvolvido permite concluir que as pessoas “sabem distinguir bem o que é adequado e o que é supérfluo” e que, uma vez concluído o estudo, haverá certamente um debate político sobre os níveis de rendimento considerados adequados e sobre a capacidade do país para poder ou não suportá-los.

 

 
 

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