Operação Marquês: Bataglia depôs voluntariamente em Portugal

Empresário, que chegou a ter mandado de detenção internacional, já tinha sido ouvido em Angola no mês de Agosto.

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DRO DANIEL ROCHA

O empresário Helder Bataglia voltou a ser interrogado, no início deste mês, no âmbito da Operação Marquês, em que é um dos arguidos. No Verão, o antigo administrador do grupo Escom já tinha já tinha sido ouvido, em Angola, a pedido do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Desta feita falou directamente com o Ministério Público em Lisboa.

Bataglia foi ouvido pelo Ministério Público a 5 de Janeiro, tendo-se apresentado “voluntariamente” no DCIAP, de acordo com o comunicado que o seu advogado, Rui Patrício, enviou ao PÚBLICO na tarde desta sábado. Este foi um interrogatório “complementar” àquele que já tinha sido efectuado em Agosto, em Luanda. Na altura, as autoridades angolanas inquiriram o empresário luso-angolano, em resposta a uma carta rogatória dos investigadores portugueses. Foi nessa altura que foi constituído arguido.

Pelo facto de viver em Luanda, o empresário chegou a ter um mandado de detenção internacional, que terá sido retirado na altura em que prestou declarações às autoridades angolanas. No entanto, depois deste segundo interrogatório, Helder Bataglia mantém como única medida de coacção o termo de identidade de residência. “Não foram determinadas outras medidas de coacção, não existindo quaisquer mandados de detenção, nacional ou internacional”, garante o seu advogado, Rui Patrício.

O Correio da Manhã noticiava este sábado que Bataglia e o seu advogado terão chegado a um acordo com os investigadores, aceitando depor no Ministério Público, em Lisboa, com a garantia de que não seria presente ao juiz Carlos Alexandre, que lidera o processo. Nem o empresário nem o seu advogado confirmam esta informação. Aliás, ambos mantiveram o silêncio ao longo do dia, tendo apenas emitido um curto comunicado de três pontos, no qual é confirmado o depoimento no DCIAP no início do mês e é dada a garantia de que o empresário “mantém a sua disponibilidade para (continuar a) prestar às autoridades judiciárias a colaboração considerada necessária”.

Helder Bataglia é um dos arguidos da Operação Marquês. Várias sociedades offshore que o empresário luso-angolano controlaria terão transferido 12 milhões de euros para as contas de Joaquim Barroca, vice-presidente do grupo Lena. Estas verbas chegaram entretanto às contas de Carlos Santos Silva, o empresário amigo do antigo primeiro-ministro, José Sócrates, que é a peça-chave de todo o processo.

A Operação Marquês tem outros 17 arguidos, entre os quais Sócrates, o seu antigo motorista, João Perna, o ex-ministro Armando Vara e a filha, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Inês do Rosário, mulher de Carlos Santos Silva, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro.

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