Novos casos de Legionella devem deixar de aparecer dia 20 de Novembro

Data avançada pelo director-geral da Saúde tem em consideração que as últimas torres de arrefecimento suspeitas em Vila Franca de Xira foram encerradas na segunda-feira e que a bactéria tem um tempo de incubação máximo de dez dias.

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Mapa de casos de legionella na zona de Vila Franca de Xira

Francisco George, que falava aos jornalistas à margem da apresentação de um relatório do Programa Nacional para as Doenças Cérebro Cardiovasculares, remeteu uma actualização dos dados da doença para a tarde desta quinta-feira. O último balanço da Direcção-Geral da Saúde apontava para 302 infecções e cinco óbitos confirmados. Há ainda outros quatro em investigação no Instituto Nacional de Medicina Legal.

“Verificaram-se esses óbitos mas não tínhamos elementos da natureza da causa da morte que fossem suficientes”, justificou, negando uma discrepância com os dados da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, que já confirmou sete mortes. “O fenómeno da morte é distinto da sua certificação”, clarificou, explicando que há de facto cinco óbitos em Lisboa e dois por confirmar nesta região. Os outros dois já são fora desta zona.

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Em relação à identificação da fonte que esteve na origem do surto, Francisco George não se quis antecipar às conclusões finais da cultura de bactérias que ainda decorre no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e que podem estar prontas antes da meia-noite, ainda sem certezas. Mesmo assim, reforçou que as autoridades estão certas de que “a fonte emissora da doença dos legionários é uma torre de grandes dimensões” e adiantou que “90% dos doentes residem ou trabalham naquelas freguesias”. George referia-se a Vialonga, Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria, as três freguesias de Vila Franca de Xira com mais casos de Legionella.

“As bactérias eram inaladas por quem ali residia, trabalhava ou passava”, afirmou Francisco George, reforçando que quando cruzarem o estudo feito pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera com os ventos em Outubro e em Novembro naquele concelho vão poder ter explicações mais exactas sobre a forma como as gotículas de água contaminada se espalharam, infectando até pessoas que não saíram de casa.

A Direcção-Geral da Saúde aponta para que tudo tenha começado em Outubro. “Todos se lembram de dias de calor em Outubro com humidade, de tipo tropical. São condições ideias para favorecer a multiplicação [da Legionella] onde ela existe, na água”, disse o médico. Depois, George garantiu que já não há nenhum risco para quem ali vive, visto que devido ao “princípio da precaução” entre domingo e segunda-feira as autoridades de saúde de ambiente selaram as torres de arrefecimento que ainda estavam em funcionamento.

Além das conclusões sobre o foco da infecção, o director-geral da Saúde adiantou que falta também conduzir um “estudo de base científica” que identifique quantos casos ocorreram antes de dia 7 de Novembro e em que locais – dia em que o surto ganhou dimensões suficientes para se alertarem as autoridades. Será também feito um chamado trabalho de “imputação causal”, que pretende “demonstrar absolutamente sem margem para dúvidas que esta bactéria que está nos pulmões [dos doentes] está relacionada em termos de gerações com a bactéria que está nas torres”. No fundo, resume George, é uma espécie de “análise de paternidade” para perceber se “a bactéria da água [das torres] é mãe daquela que se encontra na árvore brônquica e nos pulmões dos doentes a quem provocou a pneumonia”.

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