Nas provas para professores houve perguntas em falta e correcções erradas
IAVE nega erro na correcção da prova de Filosofia, mas confirma omissões noutras provas destinadas aos professores. MInistério diz que tudo decorreu com "normalidade"
A Federação Nacional de Professores tinha dada conta, esta quinta-feira, de um “erro grave” na correcção elaborada pelo IAVE, que foi confirmado ao PÚBLICO por um professor de Filosofia do ensino secundário. Outros dois docentes enviaram esta sexta-feira e-mails a certificar a correcção proposta pelo IAVE para o item 8 da prova de Filosofia (sobre o utilitarismo de Stuart Mill), realizada na quarta-feira, frisando que não existem dúvidas de que a resposta apontada é a certa.
O IAVE confirmou, por outro lado, que no enunciado da prova de Biologia e Geologia distribuído aos professores na quinta-feira faltava uma pergunta e que por isso “foi enviada uma errata” com a questão em falta. “Chegou aos candidatos logo no início da prova, não se justificando a concessão de tempo suplementar”. Numa nota à comunicação social, o movimento Cerco&Boicote, que tentou impedir a realização da PACC na sua estreia, em 2014, enviou um testemunho de um docente que realizou a prova de Biologia, dando conta que a errata chegou quando já se “caminhava a passos largos para o término do tempo regulamentar”.
Também na prova de Espanhol, realizada na quinta-feira, havia erros na correcção elaborada pelo IAVE, que foi colocada no site do instituto esta quinta-feira. À frente dos critérios de classificação havia esta sexta-feira no mesmo site esta nota: “Chave das respostas rectificada a 27 de Março).
Na prova de Português destinada aos professores do 1.º e do 2.º ciclo, realizada na quarta-feira, “uma omissão” no enunciado levou a que o Júri Nacional da Prova fosse obrigado a conceder mais 30 minutos, o que foi feito já no final da prova, para que os docentes candidatos ao 1.º ciclo pudessem reformular o texto que lhes foi pedido de modo a ter como base o programa e as metas para o 1.º ciclo. No enunciado falava-se apenas do 2.º ciclo.
Em comunicado divulgado esta tarde, a Fenprof, que denunciou o caso, dá conta de que a informação sobre a “omissão” não chegou a todas as escolas e que houve professores que por isso não souberam que podiam reformular a resposta em causa. “Estão a chegar à Fenprof denúncias nesse sentido vindas de vários pontos do país. O MEC tem a imediata obrigação de esclarecer como pretende lidar com esta situação”, afirma-se no comunicado.
O IAVE anunciou esta sexta-feira que não vai anular a prova. “Na classificação será garantido que nenhum professor será prejudicado”, acrescentou.
A Fenprof chama ainda a atenção para o facto de o enunciado que foi colocado no site do IAVE não corresponder ao que foi distribuído aos professores. A versão publicada foi a corrigida, mas sem qualquer menção ao facto.
A PACC é obrigatória para professores com menos de cinco anos de serviço que queiram candidatar-se a dar aulas. A componente geral já se realizou por duas vezes, mas as provas específicas, que se destinam a avaliar os conhecimentos dos professores nas disciplinas a que se candidatam, realizaram-se agora pela primeira vez.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) indicou que nos três dias em que se realizaram as provas especificas da PACC registaram-se 1345 presenças. Tinham-se inscritos 1565. Os números divulgados pelo MEC não permitem apurar quantos faltaram porque como houve vários professores que se inscreveram para mais do que uma prova o número de presenças não equivale ao total dos que realizarem a componente específica.
Segundo o MEC, “em todos os dias da PACC registaram-se percentagens de presenças acima dos 90%”. As provas foram realizadas em 78 escolas do país e ilhas e em outras três no estrangeiro. Numa nota à comunicação social, o ministério assinala que o processo se “realizou com toda a normalidade e tranquilidade” e destaca “o empenho e a colaboração dos directores das escolas e dos professores envolvidos”. No total foram realizadas 2338 provas.