Não se pode atribuir “responsabilidade directa” pela morte dos bombeiros, diz Passos Coelho

Primeiro-ministro lamenta morte de quatro bombeiros e diz que este foi o momento adequado para falar.

“Não me parece que exista responsabilidade directa a imputar a alguém”, defendeu Pedro Passos Coelho, após uma visita à sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), revelando que questionou os responsáveis da ANPC e que não foram identificadas causas directas, como a falta de formação, desleixo ou falta de meios.

“Devemos ter cuidado na maneira como se fazem essas análises. As perdas de vidas são sempre trágicas e podem prestar-se a conclusões precipitadas”, disse o primeiro-ministro, admitindo, no entanto, que a Protecção Civil fará um “exame cuidadoso de todas estas situações”.

O primeiro-ministro argumentou ainda que os bombeiros têm “uma actividade arriscada”, pelo que é possível que “situações” como estas “possam ocorrer”.

No dia em que falou pela primeira vez da época de incêndios, Passos Coelho lamentou a morte de quatro bombeiros e desejou as melhoras ao que permanecem internados nos hospitais.

"Não posso deixar de mostrar enorme solidariedade, que com certeza todo o país sente, pelo trabalho destes bombeiros que corajosamente perderam a vida e quero, sobretudo, àqueles que ainda lutam pela vida internados, desejar a recuperação melhor que se pode vaticinar, sabendo que alguns deles se encontram em fase crítica", disse Passos Coelho.

Questionado sobre a polémica de não ter enviado antes condolências públicas aos familiares dos bombeiros falecidos, o primeiro-ministro respondeu que esta visita à ANPC foi o momento “adequado” para falar sobre o tema, acrescentando que o Governo “sempre acompanhou estas situações” através do ministro da Administração Interna e dos seus secretários de Estado.

Na visita à ANPC, Passos Coelho foi ainda confrontado com as dificuldades que Portugal tem sentido no combate aos fogos.

“Apesar do que estas duas semanas mostraram, não temos uma situação mais difícil do que em anos anteriores, em média”, respondeu Passos Coelho, admitindo, no entanto, que será necessário estudar formas de reforçar a prevenção. “A seu tempo se fará esse levantamento de novas necessidades ou orientações”, disse.

O primeiro-ministro recusou ainda a ideia de ter havido desinvestimento. "Vivemos tempos de dificuldades financeiras grandes, mas isso não impediu que se mantivesse todo o esforço de despesa orçamental no combate aos incêndios", disse Passos Coelho: "Não aliviámos, nem nos descuidámos nos meios que estão disponíveis no terreno."

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