Mulheres nos cargos de chefia casam-se menos e divorciam-se mais
Retrato do INE a pretexto do Dia Internacional da Mulher revela que elas são apenas um terço dos dirigentes a exercer em Portugal.
O retrato é feito pelo Instituto Nacional de Estatística na publicação Trabalhar no Feminino, divulgada nesta quinta-feira a pretexto do Dia Internacional da Mulher, que se comemora sexta-feira. De acordo com os dados do Censos 2011, existiam nesse ano 108.890 mulheres a exercer a profissão como “dirigentes”.
A idade média das mulheres em cargos de chefia fica-se pelos 43,3 anos (a média total é de 45 anos) e cerca de 36% possuía um curso superior, face a 30% do total dos dirigentes.
No que se refere ao estado civil, 66,1% são casadas (nos homens, esta percentagem sobe para os 74,9%), mas as mulheres nos cargos de chefia ultrapassam os homens nos dados sobre os solteiros (são 20,8%, enquanto os homens são 16,4%) e divorciados (10,4% das mulheres contra 7,8% dos homens).
No indicador das mulheres “empregadoras”, o género feminino também representa apenas um terço do total. “Em Portugal existiam 162.055 mulheres cuja situação era ‘empregadora’, o que correspondia a 35,3% do total”, diz o INE.
Também aqui, elas são mais jovens e qualificadas do que eles. A representatividade destas mulheres empregadoras é, no entanto, mais acentuada nas actividades associadas a serviços domésticos (96,6%), Educação (67,7%) e Saúde e Apoio Social (65,6%).
Entre outras conclusões, o retrato divulgado hoje pelo INE constata ainda que apenas 6% dos membros dos conselhos de administração das empresas cotadas em 2011 no PSI-20 eram mulheres. A baixa representação feminina coloca Portugal 7,7 pontos percentuais abaixo da média da União Europeia a 27 e “muito aquém da meta de 40% definida pela Comissão Europeia para 2020”, salienta o documento do INE.
Onde elas predominam
O retrato das mulheres por sectores também não traduz a igualdade desejada entre homens e mulheres no plano profissional. “A população feminina estava em minoria em quase todos os sectores”, diz o documento.
Porém, salienta o INE, as mulheres continuam a predominar nalgumas áreas como “nas actividades de saúde humana (74,2%), na Educação (64,2%) e no Alojamento e restauração (55,5%) ”.
Os indicadores de 2011 que chegam das chamadas “gazelas” – definidas como “empresas jovens de elevado crescimento com até cinco anos de idade” – não parecem ser capazes de inverter esta desigualdade. Antes pelo contrário: em 2011, as mulheres eram 36,6% da força de trabalho nas “gazelas”, contra os 46,6% que representavam em empresas idênticas mas mais antigas.
Num olhar mais geral, o INE mostra ainda que em 2011 as mulheres representavam 47,8% da população empregada e tinham, em média, 40,5 anos. Independentemente dos cargos que ocupam, existiam cinco profissões que absorviam 37,3% do emprego feminino. Assim, 10,1% eram trabalhadoras de limpeza, 9,9% vendedoras em loja, 9,1% empregadas de escritório, 4,3% professoras dos ensinos básicos (2.º e 3.º ciclos) e secundário e 3,8% trabalhadoras de cuidados pessoais nos serviços de saúde.
“Estas profissões apresentavam taxas de feminização muito elevadas, ou seja, eram maioritariamente exercidas por mulheres”, salienta o INE.