Mulher que conduziu ilegalmente Alfa a 220km/h é uma actriz brasileira
A CP apresentará uma queixa ao Ministério Público (DIAP).
A CP apresentará uma queixa ao Ministério Público (DIAP).
A cidadã brasileira incorre num crime de “condução perigosa”, cuja pena máxima é a inibição de conduzir. Se viver no Brasil e as autoridades portugueses requererem que seja constituída arguida, esta terá o direito a calar-se, não divulgando quem foi o maquinista, mas se for inquirida como testemunha terá o dever de falar, embora as consequências de um eventual “esquecimento” sejam praticamente nulas.
Ou seja, muito dificilmente a CP poderá saber qual dos maquinistas que habitualmente conduzem o Alfa Pendular (há cerca de uma centena com “carta de condução” para aquele tipo de comboio) autorizou a entrada na cabina da actriz brasileira e a deixou sentar-se aos comandos.
Nas imagens do vídeo nota-se que o comboio vai no sentido Lisboa-Porto e que o troço onde este circula é entre Pampilhosa e Aveiro, o único onde o Alfa Pendular pode atingir os 220 Km/hora.
Apesar da forma divertida como a mulher conduz o comboio, sem prestar atenção aos comandos nem à linha (claramente mais interessada em falar para a câmara do telemóvel), os passageiros não estavam propriamente expostos a um grande risco. O Convel – computador de bordo de controlo de velocidade – actuaria de imediato caso a velocidade permitida fosse ultrapassada. E se este tivesse que fazer algum afrouxamento, o próprio sistema frenava o comboio, caso o maquinista não o fizesse.
Aquele troço - e exactamente por ser onde os comboios circulam a maior velocidade -, também não tem quaisquer passagens de nível e está vedado em ambos os lados da via, sendo improvável o surgimento de qualquer obstáculo.
Para além de um maço de tabaco, não há mais nada que identifique o dia, a hora e o número do comboio em que o vídeo foi feito, tudo indicando que foi o próprio maquinista que fez a filmagem. Na segunda-feira, a CP divulgou um comunicado em que afirma que, “após as devidas averiguações, não deixará de retirar as devidas consequências dos factos apurados”.
Na pesquisa efectuada, a CP indicou que a colocação inicial do vídeo terá sido em 2011, “embora a sua disseminação só tenha ocorrido hoje [segunda-feira]”.
A empresa lembrou a existência de regulamentos internos que proíbem a “presença de elementos estranhos à tripulação dos comboios em cabinas de condução, excepto se devidamente autorizados”.
Entre os maquinistas é grande a consternação pelo sucedido. Comentam nas redes sociais, e em grupos fechados destes profissionais, que tal prejudica a classe e dá uma imagem negativa da empresa.
No YouTube, existem alguns vídeos protagonizados por Halima Abboud, entre os quais este de 2009.