Ministério Público investiga morte de actriz Maria Zamora

Artista tinha apresentado no ano passado uma queixa-crime contra ex-namorado por violência doméstica.

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A actriz Maria Zamora (ao centro) FACEBOOK/Maria Zamora

No âmbito deste inquérito, pendente no Ministério Público da Amadora, foi entregue à actriz um aparelho de teleassistência, que permitia transmitir um alerta rápido no caso de activar um botão.

A cineasta Raquel Freire, amiga da actriz, defende ser “impossível” não relacionar a morte da artista e a violência doméstica de que era alvo por parte de um ex-namorado. “Estava a ser vítima de ameaças e de agressões. Tinha sido obrigada a sair da própria casa e estava escondida em casa de amigas. Havia uma ameaça concreta sobre a vida da Maria por parte do agressor”, afirma ao PÚBLICO.

A cineasta conta que, quando a actriz apresentou a primeira queixa, “soube que o agressor já tinha currículo”: “Tinha agredido duas mulheres, que terão desistido das queixas por medo. Ela não queria desistir.”

Raquel Freire descreve o caso de violência doméstica de que foi alvo a actriz como seguindo um padrão “infelizmente típico”: “É o caso em que o agressor aparece disfarçado de príncipe encantado antes de surgirem os contornos conhecidos, o controlo absoluto sobre a vida da outra pessoa, o isolamento dos amigos. Depois, a violência acontece muito rápido. De um momento para o outro, a pessoa aparentemente normal revela-se agressora. Foi o que aconteceu”, explica.

Depois da apresentação da queixa, na sequência do que Raquel Freire descreve como uma tentativa de assassinato, e da separação, os episódios de violência e coacção continuaram, apesar de o agressor, segundo conta a cineasta, estar interdito judicialmente de se aproximar da ex-companheira. “A Maria disse que a PSP a tinha ajudado muito e que a defendeu sempre. O problema é que não existe protecção policial 24 horas por dia. Mas o processo estava a correr e ela só queria que se resolvesse o mais rápido possível para poder continuar com a sua vida.”

Violência, uma peça de Joaquim Paulo Nogueira que esteve em cena em Setembro de 2013, foi escrita a pedido de Maria Zamora e do colega Carlos Santos. A peça reflecte sobre o impacto que a violência doméstica tem no agregado familiar e pretende chamar a atenção para este problema.

No próprio domingo a actriz escreveu várias mensagens na sua página do Facebook, a última das quais às 17h50. “Sejamos fortes sem perder a sensibilidade. Sejamos calmos, sejamos pacientes, sejamos criativos, sejamos sábios e nutramos a nós mesmos e uns aos outros”, escreveu. Umas horas antes a artista completara uma mensagem escrita na véspera: “VIVA SEM MEDO DE SER VERDADEIRO! SEM MEDO DE EXISTIR, SEM MEDO DE VIVER.”

Maria Zamora entrou em algumas novelas, a mais recente Jardins Proibidos, actualmente a passar na TVI. Foi Doutora Tutti Frutti da Operação Nariz Vermelho, um projecto de solidariedade dos "doutores-palhaços". 

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