37,4% dos mortos nas estradas em 2012 com taxa de alcoolemia acima do permitido
Revelação feita por responsável da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária na apresentação do relatório anual. Menos 16,8% de mortes causadas por acidentes rodoviários em 2012.
"As coisas não estão, de maneira nenhuma, a decorrer como deviam e como planeado. No ano passado, 37,4% das pessoas que morreram nas estradas tinham mais álcool no sangue do que o permitido por lei", revelou Carlos Lopes, engenheiro da ANSR.
O Relatório Anual da Sinistralidade Rodoviária de 2012 aponta para uma redução de 16,8% no número de vítimas mortais, um decréscimo que poderá estar relacionada com a situação de crise que afecta os portugueses.
"As pessoas têm menos dinheiro, circula-se menos, logo há menos acidentes. Contudo, é de assinalar que não é um fenómeno de agora, há anos que temos vindo a reduzir a sinistralidade", explicou o presidente da ASNR, Jorge Jacob, nesta sexta-feira durante apresentação do relatório, em Lisboa.
O documento apenas dá conta das mortes ocorridas no local do acidente ou durante o trajecto de transporte até à unidade de saúde. Em geral, contabilizaram-se menos 2674 acidentes com vítimas e, paralelamente, registaram-se menos 15,4% feridos graves e menos 8,9% feridos ligeiros.
A sinistralidade rodoviária diminuiu em todos os tipos de vias, exceptuando nas vias dentro das localidades e estradas municipais. De acordo com o engenheiro Carlos Lopes, este aumento não está só relacionado com as condições de conservação e segurança destas vias, mas também com "as dificuldades financeiras" dos portugueses. "Com o preço dos combustíveis e das portagens a aumentar, as pessoas optam por vias menos seguras do que, por exemplo, as auto-estradas", diz.
Embora as colisões tenham constituído metade dos acidentes rodoviários ocorridos durante o ano passado, os despistes foram responsáveis pela maioria das mortes registadas, com 46% de ocorrências.
O número de vítimas mortais a 30 dias só será conhecido em Agosto, mas a ANSR estima que, no ano passado, tenham morrido 730 pessoas, juntando as vítimas nos 30 dias seguintes ao sinistro com o número de mortes ocorridas no local do acidente e no transporte para o hospital. Em 2011, tinham sido 891. Esta contabilidade, realizada na maioria dos países da União Europeia, está a ser feita em Portugal apenas desde 2010.