Médias a descer nas provas mais concorridas do secundário
Relatório dos exames nacionais de 2013 fala em “estabilidade relativa” nos resultados dos alunos. Biologia foi a que mais caiu. Física mantém a pior média.
Apesar da descida das médias, nove das 11 disciplinas com mais provas realizadas por alunos internos obtiveram resultados positivos, isto é, acima dos 95 pontos numa escala de 0 a 200. Português e Matemática ficaram próximos deste limiar, com médias de 95 e 98 pontos, respectivamente, que descem para 89 e 82 se no cálculo final se levarem também em conta os chamados alunos autopropostos (os que não frequentaram as aulas durante o ano lectivo e que são, regra geral, em número residual). Segundo o relatório preliminar do Gave, em 2013 “as classificações médias dos alunos autopropostos” foram “26 pontos (2,6 valores) inferiores às registadas pelos alunos internos”.
Uma vez mais, são as disciplinas artísticas que figuram no topo das médias, com Desenho A a subir aos 124 pontos e Geometria Descritiva aos 122. No meio estão as disciplinas da área das Ciências Sociais e Humanas, sendo Economia A e História A as mais bem classificadas com 113 e 106 pontos, respectivamente.
Entre as 23 disciplinas em que foram realizados exames no secundário, apenas duas registaram classificações médias negativas: Física e Química, “onde persistem os resultados cronicamente mais baixos, sempre próximos dos 80 pontos” (a média este ano foi de 81, tal como em 2012); e Biologia e Geologia, a disciplina em que a média nacional mais caiu, fixando-se agora nos 84 pontos. Nos quatro anos analisados no relatório, Física e Química apenas registou média positiva em 2011, com 105 pontos. Já Biologia e Geologia teve em 2013 “o ano com pior resultado” na série analisada no relatório.
Menos alunos a chumbar no 4.º ano
No ensino básico, o Gave destaca o sucesso da aplicação dos exames que se realizaram pela primeira vez no 4.º ano, em que a taxa de retenção se ficou pelos 3%, a mais baixa dos últimos 14 anos. De acordo com o relatório, esta redução deveu-se em grande parte ao “período de acompanhamento extraordinário” implementado entre a 1.ª e a 2.ª fases de exames, medida que o Ministério da Educação e Ciência chegou a considerar reequacionar no seguimento dos resultados muito baixos registados na 2.ª fase (7% de positivas a Português e 20% a Matemática). No entanto, como os exames tinham uma carga de apenas 25% na avaliação final dos alunos, muitos foram os que conseguiram ficar aprovados no final do ano lectivo e transitar para o 5.º ano. Ao todo ficaram retidos pouco mais de três mil alunos.
No 2.º ciclo, os resultados apontam para uma descida dos resultados face a 2012, o primeiro ano em que se realizaram exames nacionais no 6.º ano. A Português, a média desceu de 59 para 52% e a Matemática de 54 para 49%. Ainda assim, o Gave conclui que as classificações obtidas “se enquadram nos intervalos que retratam evoluções consideradas normais”, apesar de evidenciarem “lacunas de aprendizagem” que já tinham sido identificadas em anos anteriores pelas provas de aferição.
Finalmente, no 3.º ciclo, embora os resultados médios obtidos a Português e a Matemática também tenham descido em relação a 2012 — 48% a Português e 44% a Matemática este ano, contra 54% de média a ambas as disciplinas no ano anterior —, os indicadores não revelam, para o Gave, “nenhuma regressão na qualidade da aprendizagem dos alunos”, sendo o resultado de Português considerado “normal” pelo Gave.
Quanto à disciplina de Matemática no 9.º ano, registaram-se oscilações nos últimos quatro anos, embora o Gave utilize os pareceres da Associação de Professores de Matemática e da Sociedade Portuguesa de Matemática para justificar que os resultados díspares não se deveram às diferenças na execução das provas, mas antes à mediatização do resultado muito baixo do teste intermédio de Matemática em 2011: “Ao contrário dos alunos que realizaram a prova final de ciclo em 2012, ‘pressionados’ pela difusão de notícias fortemente alarmantes em relação à possível dificuldade da prova final, em 2013 este tipo de ‘pressão’ não se terá feito sentir”, defende o relatório do Gave. Que conclui, em jeito de balanço final: “Assim, se é verdade que enfrentamos um quadro de estabilidade nos resultados que permite inferir a ausência de progressos na qualidade da aprendizagem, também é verdade que estamos muito longe de um cenário de degradação acentuada dessa mesma qualidade”.