Média de todos os exames nacionais do secundário subiu para 10,4 valores

Relatório do Gabinete de Avaliação Educacional detecta problemas de interpretação em exames de várias áreas.

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Já a média dos exames de Física e Química manteve-se em terreno negativo Enric Vives-Rubio

A análise dos resultados da prova de exame nacional de Português (1.ª fase), que teve em conta as respostas de 50.916 alunos (internos), segundo o relatório, aponta para uma percentagem de 63,3% de classificações iguais ou superiores a 10 valores (numa escala de 1 a 20).

Já a média dos exames de Física e Química em 2011/2012 manteve-se em terreno negativo, com os mesmos 8,1 valores obtidos no ano anterior. Na análise dos resultados da prova de exame nacional de Física e Química A (1.ªfase) foram consideradas as respostas de 29.867 alunos (internos) e a percentagem de classificações iguais ou superiores a 10 valores (em 20) foi apenas de 34,3%. Segundo os resultados obtidos, no caso dos itens de cálculo, aplicados nestas provas, “a concepção de metodologias de resolução continua a ser a área (de carácter transversal) de maior fragilidade”, refere o documento.

“Algumas das fragilidades aqui apontadas, relativas sobretudo ao processo global de aprendizagem, assumem um carácter transversal a várias disciplinas. Face ao exposto, sugere-se um modelo de aprendizagem por tarefas, de acordo com o qual os alunos se possam tornar mais autónomos na abordagem das situações-problema propostas, conseguindo estabelecer estratégias de resolução adequadas”, acrescenta o Gave.

Os dados do Ministério da Educação, divulgados terça-feira à noite, indicam ainda que nas provas de Biologia e Geologia (1.ª fase) a média manteve-se negativa, com 9,8 valores (em 20), o mesmo do que no ano anterior. Aqui, foram consideradas as respostas de 29.181 alunos (internos).

Na disciplina de Filosofia (1.ª fase), consideradas as respostas de 3972 alunos (internos), a média manteve-se nos 8,9 valores. A prova de Geografia A, consideradas as respostas de 14.484 alunos (internos), a média nacional ficou-se pelos 10,7 valores. A média nacional de História A (1.ª fase) subiu ligeiramente, para 11,9 valores (11,8 no ano anterior), consideradas as respostas de 10.645 alunos (internos). Já na prova de Economia A (1.ª fase), tendo em conta as respostas de 4537 alunos (internos), a média nacional manteve-se nos 11,7 valores.

Sugestões para Português
Em relação ao exame de Português do 12.º ano, analisando os grupos de questões em que os alunos obtiveram piores resultados, o Gave assinala que as principais dificuldades se revelaram em “tanto em itens em que se avalia a leitura orientada de um texto literário, como em itens em que se avalia o funcionamento da língua, quando a resposta exige o domínio de metalinguagem”.

“É de destacar que, nos itens que exigem resposta estruturada (...), além das dificuldades ao nível do conteúdo, os alunos revelam fracos desempenhos nos parâmetros da organização e da correcção linguística”, sublinha o GAVE. Segundo o documento, “os resultados obtidos nos parâmetros da correcção linguística são inferiores aos resultados obtidos nos parâmetros do conteúdo, embora tanto uns como outros se situem em níveis negativos”.

Como propostas de intervenção didáctica, o GAVE sugere, no domínio da Leitura, além do desenvolvimento do conhecimento lexical, “um reforço do trabalho que envolva a realização de inferências e o posicionamento crítico face aos textos lidos”. No domínio da expressão escrita, defende a realização de um trabalho sistemático que envolva a aprendizagem e o treino de diferentes tipologias de texto, “assegurando um crescente domínio das capacidades envolvidas na planificação, textualização e revisão dos textos”.

Já no domínio do funcionamento da língua, segundo o relatório, é fundamental “assegurar o desenvolvimento de um trabalho de acordo com a metalinguagem e as orientações metodológicas explicitadas no Programa”. Nas conclusões, o GAVE refere que se deve continuar a insistir na necessidade de assegurar a melhoria de desempenho ao nível dos processos de leitura e de escrita.

“As fragilidades a este nível são recorrentemente diagnosticadas na análise dos resultados da generalidade das disciplinas, sobretudo na de Português, mas com igual relevo nas áreas da Matemática, das Ciências Naturais e das Ciências Sociais e Humanas, em qualquer dos níveis de ensino em causa”, acrescenta.

O Gave insiste ainda que “os resultados continuam a mostrar que, em termos médios, são persistentes as dificuldades em várias vertentes, de que se destacam as capacidades para, entre outros, estabelecer adequadamente ligações entre os vários tópicos de uma mesma disciplina, explicitar relações causa-efeito e desenvolver raciocínios lógico-dedutivos, bem como raciocínios demonstrativos.

Resultados no 9.º ano também melhoraram
Em relação à média nacional dos exames de Matemática no 9.º ano, esta conseguiu passar a fasquia do negativo, subindo 10 pontos percentuais, para 54,4%, segundo o relatório do Gave. Na análise dos resultados da prova de Matemática relativos à primeira chamada consideraram-se as respostas de 88.228 alunos internos do 9.º ano de escolaridade.

Também os resultados da média nacional da prova de Língua Portuguesa (1.ªchamada) no 9.º ano melhoraram, passando de 51,4% para 53,7%. Aqui foram consideradas as respostas de 87.465 alunos (internos).

No relatório, o Gave refere que, de um modo geral, na Matemática, os alunos manifestaram dificuldades na resolução de problemas que envolviam a leitura e interpretação de um texto, o raciocínio matemático e a capacidade de abstracção.

“Sugere-se o desenvolvimento de trabalho que permita a resolução de problemas que exijam a mobilização de vários conceitos e propriedades e a resolução de problemas que permitam desenvolver o raciocínio matemático e a capacidade de abstracção”, acrescenta o documento.

Já na prova de Língua Portuguesa, no que diz respeito aos itens em que os alunos revelaram pior desempenho, o Gave salienta que “dois deles pertencerem ao Grupo II (os itens 3. e 5.2.), destinado à avaliação do Funcionamento da Língua, domínio em que, por comparação com os domínios da Leitura e da Escrita, se vêm registando, desde 2009, os piores resultados”. Tendo em conta os resultados obtidos, o GAVE sublinha a necessidade de se investir “na construção de conhecimento explícito sobre os contextos de ênclise, mesóclise e próclise, relevantes para o estudo da estrutura da frase”.