Lusófona não vai proibir praxes na sequência da tragédia do Meco
Administrador da universidade diz que o que se passou foi um “acidente” e que jovens estavam a “divertir-se”.
Ouvido pela SIC, Manuel de Almeida Damásio considerou que o que se passou a 15 de Dezembro no Meco foi um “acidente” e comparou-o ao naufrágio ocorrido uma semana depois na Costa da Caparica, quando seis tripulantes de um barco desportivo morreram depois de a embarcação se ter virado.
Para o administrador da Lusófona, onde está em curso um inquérito interno para apurar as circunstâncias em que os alunos morreram, não há motivos para associar o sucedido a uma praxe, até porque houve quem os visse na tarde de 15 de Dezembro na zona do Meco a “fazer brincadeiras” e a “divertir-se”.
Sobre a decisão de não interditar as praxes, Manuel de Almeida Damásio justificou-a com o facto de a universidade não ser “a favor de censuras”. E acrescentou: “Todos os dias morrem pessoas nas estradas e não vamos proibir alguém de andar na estrada”.
Os seis jovens da Universidade Lusófona de Lisboa morreram na madrugada de 15 de Dezembro após terem sido levados pelo mar. Apenas o chamado "dux", nome que é dado ao chefe máximo da praxe, sobreviveu, mas tem permanecido em silêncio desde então. Alguns pais das vítimas tentaram, entretanto, obter informações junto do jovem e junto do Conselho Oficial da Praxe Académica da Lusófona, sem sucesso. O caso está neste momento a ser investigado pelas autoridades e sob segredo de justiça.
No sábado ao final da tarde, os pais pediram a todas as pessoas que possam ajudá-los a esclarecer o sucedido para usarem uma conta de e-mail que tinham acabado de criar — tragedia.meco@gmail.com. Em pouco mais de 24 horas chegaram-lhes mais de 80 mensagens, “algumas de muito interesse”, segundo explicou na altura ao PÚBLICO a mãe de uma das vítimas.
Entretanto, o ministro da Educação convocou as associações de estudantes para debater o tema das praxes já nesta semana. A tutela diz estar a acompanhar “com toda a atenção” os incidentes mais recentes relacionados com o assunto. O ministério dirigido por Nuno Crato pretende “discutir e estudar” com os alunos das instituições de ensino superior, quer públicas, quer privadas, “as melhores formas de prevenir este tipo situações, de extrema gravidade”. Os representantes das universidades e dos institutos politécnicos públicos também vão ser ouvidos pela tutela acerca da mesma questão.