Silêncio, agora são os introvertidos a falar
Não gostam de multidões, preferem a conversa a dois. Uma americana, Susan Cain, escreveu um livro a defender os introvertidos como ela. Lançámos o desafio aos leitores do PÚBLICO para dar a cara. O trabalho sai na revista 2.
Cresceu a ser chamada "envergonhada", "triste", "demasiado séria", "snob”: Sílvia Pacheco, de 29 anos, arquitecta paisagista, confessa que, com o tempo, percebeu que, “ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, alguém introvertido não é, ou não tem que ser obrigatoriamente, uma pessoa tímida”, que implica algum “nervosismo” e “ansiedade”.
Ser introvertido é “apenas uma das muitas maneiras de se ser”, diz André Silva, estudante de Psicologia da Universidade do Minho, mas é uma característica que os próprios têm dificuldade em aceitar, “particularmente quando a sociedade e os pais nos pressionam a ser extrovertidos, a brincar na rua, a jogar um futebol de esquina, a querer ir para o café com os amigos”. “E às tantas acreditamos que não somos normais, sentimos que é necessário um esforço suplementar para dar a volta a essa maneira de ser. Como a maior parte das vezes não conseguimos, sobra a frustração.”
Andreia Correia, assistente de direcção e de recursos humanos, sente “constantemente” "discriminação" por ser introvertida: “Sou mal compreendida, interpretada muitas vezes como antipática, simplesmente porque sou reservada, porque não falo da minha vida pessoal ou porque sou pouco opinativa.”
Como Margarida Pinto, Sílvia Pacheco, André Silva e Andreia Correia, muitos introvertidos levaram algum tempo a perceber que gostarem de estar em casa, sozinhos, não era necessariamente um problema.
Sentem-se mais confortáveis se não estiverem no centro das atenções. Valorizam a conversa de um para um e a reflexão e não gostam de estar em festas com muita gente. São os introvertidos que, desafiados pelo PÚBLICO, nos escreveram a contar a sua experiência. Nem todos falam da introversão da mesma maneira, não servem de amostra representativa, mas algumas das características com que se autodefinem são, também, as que os psicólogos usam para descrever o carácter-tipo. Uma delas é preferirem escrever a falar – por isso entrevistámo-los por email.
Leia mais na revista 2 deste domingo e na edição online exclusiva para assinantes.