Inspectores desmentem MAI e denunciam falta de pessoal no SEF

Sindicato insiste que faltam 200 inspectores e que não entraram, no ano passado, 45 como o MAI apontou recentemente. Inspectores assumem vir a realizar greve ao serviço durante o Verão contra a "quase escravidão".

Foto

“Isso não corresponde à verdade. Realmente foi aberto um concurso em 2013, mas ninguém chegou a entrar. Tanto que o concurso foi impugnado na Justiça”, disse ao PÚBLICO, o presidente do sindicato, Acácio Pereira. O responsável insistiu ainda que faltam cerca de 200 inspectores no SEF, segundo um estudo do sindicato realizado no ano passado. “Há neste momento uma grande escassez. Temos inspectores a fazer 15 horas seguidas e não há rotatividade de folgas. Trabalha-se na quase escravidão. Mesmo que tivessem entrado 45 elementos isso seria insuficiente”, apontou Acácio Pereira.

Face à escassez, aquele sindicato admite vir a organizar uma greve durante o Verão. “Nada está fora de hipótese, nem a greve”, disse o dirigente sindical.

Miguel Macedo pediu no sábado “razoabilidade e bom senso” aos sindicatos que ameaçam com greves no SEF. A esse propósito, sublinhou terem entrado 45 novos inspectores em 2013. “Não entram novos elementos desde 2004. As condições em que trabalhamos estão cada vez mais difíceis. Muita gente foi saindo ao longo dos anos para a reforma e o pessoal está cada vez mais envelhecido”, insistiu Acácio Pereira. 

Perante este cenário, o dirigente responde que é o sindicato “quem pede bom senso à tutela". "Aguardamos que venham a haver o diálogo prometido pelo secretário de Estado, João Almeida. Se não, estamos disponíveis para todas as formas de luta”, ilustrou. De acordo com aquele responsável, existem actualmente 720 inspectores ao serviço nos quadros do SEF.
 

Aquele sindicato considera também que deveria existir uma carreira de apoio à investigação, extinta em 2008. “Somos a única polícia que não tem uma carreira de apoio”, disse Acácio Pereira. Também recentemente a presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos do SEF, Manuela Niza Ribeiro, considerou importante reconsiderar a sua reactivação.


“Essa carreira foi mal extinta, por isso um dos nossos objectivos é que venha a ser reconsiderada porque os funcionários que foram integrados numa carreira geral continuam nas mesmas funções.  Estes funcionários não vão, efectivamente, para o terreno, mas são mais valias porque apoiam a investigação e têm acesso a várias informações qualificadas”, referiu Manuel Niza Ribeiro à agência Lusa.
 

O PÚBLICO contactou o Ministério da Administração Interna que, porém, não reagiu até à hora da publicação desta notícia. 

Sugerir correcção
Comentar