Marianne Pittaway, dona do bar Yorkshire Tavern, onde decorria o jogo, contou à BBC que teve de pagar cerca de 800 euros de multa pelo jogo da passada sexta-feira. A mulher de 34 anos foi também condenada a uma pena suspensa de quatro meses, dizendo que ainda está “chocada” com as regras aplicadas.

Pittaway diz que está em Portugal há oito anos, mas que “definitivamente não” vai voltar a organizar os jogos de bingo às sextas-feiras no seu bar. E lamenta a situação, visto que os elementos da GNR levaram tanto quem estava a jogar como quem estava a assistir sob a acusação de “exploração ilícita de jogo, jogo ilícito e testemunho de jogo ilícito”. Só algumas pessoas não foram levadas pela GNR.

As 28 pessoas, entre os 23 e os 76 anos, identificadas pela polícia, foram presentes ao Tribunal de Albufeira, tendo sido condenadas ao pagamento de uma multa de 150 euros e a três meses de pena de prisão suspensa.

“Organizava o bingo apenas por entretenimento, por um pouco de diversão. Estávamos apenas a jogar a troco de algumas bolachas e bebidas. Num minuto estávamos a jogar, a divertirmo-nos, e noutro fomos metidos em três carrinhas da polícia e levados para a esquadra”, lamentou Marianne Pittaway. Fonte da GNR disse, contudo, ao PÚBLICO que os cartões com os números eram vendidos a 1 euro cada e que encontrou no bar uma caixa com 230 euros.

A dona do estabelecimento contou que, supostamente, os elementos da GNR estariam à paisana à espera da distribuição de prémios para chamarem mais militares e começarem a rusga. Os cartões, a máquina de bingo e o dinheiro alegadamente usado para comprar os prémios foram apreendidos.

A GNR de Faro diz que deu início à acção com base em denúncias e informações de cidadãos anónimos. E, ao jornal The Portugal News, adiantou que a acção tem como objectivo combater o jogo ilegal na região, sublinhando que ninguém foi detido e que apenas levaram as pessoas para prestar declarações.

Em Portugal as regras do bingo, que se insere na categoria de jogos de sorte ou de azar, foram revistas num decreto-lei de 2011. O jogo está dependente de uma licença. Um dos objectivos da nova legislação foi precisamente facilitar o pedido de concessão por parte de privados, passando a “admitir-se a possibilidade de as salas serem dotadas de equipamentos de restauração e bebidas, de poderem realizar programas de animação para os frequentadores”. Quanto às receitas, só 35% das vendas dos cartões ficam para os concessionários, indo o resto para o Estado.

“A exploração e a prática do jogo do bingo só são permitidas nos locais que vierem a ser determinados pelo membro do Governo responsável pela área do turismo, a concessionar mediante concurso público”, lê-se no decreto-lei.