Inglês no 1.º ciclo confunde oposição e é agora nova frente de guerra contra Crato
Inglês passou a poder ser oferecido no currículo do 1.º ciclo. Antes a sua frequência era facultativa.
A partir de uma notícia do Correio da Manhã, PS e Bloco de Esquerda multiplicaram críticas ao MEC quando, na verdade, o Inglês nunca foi até agora obrigatório no 1.º ciclo. O ensino desta língua fazia parte obrigatória das chamadas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), mas estas são de frequência facultativa.
No diploma de Julho que estabelece as novas matrizes curriculares do 1.º ciclo estipula-se que a iniciação à Língua Inglesa no 1.º ciclo poderá passar a ser feita no âmbito de uma chamada Oferta Complementar, que integra a parte curricular e que deverá ter 60 minutos semana. De acordo com este diploma, a Oferta Complementar deve ser aproveitada para “acções que promovam, de forma transversal, a educação para a cidadania e componentes de trabalho com tecnologias de informação e comunicação” e pode incluir também o Inglês. Cabe às escolas decidir.
Em declarações aos jornalistas, Nuno Crato apelidou nesta quarta-feira de “tempestade num copo de água” a questão do ensino do inglês no 1.º ciclo, frisando que este “que nunca foi obrigatório” nessa fase de escolarização. O PS já anunciou que vai requerer a presença de Nuno Crato na comissão parlamentar de educação para explicar aquilo que os socialistas consideram “absolutamente inexplicável: a decisão de acabar com a obrigatoriedade do inglês no 1.º ciclo”.
Nunca foi obrigatório
“O inglês nunca foi obrigatório no 1.º ciclo, foi de oferta obrigatória nas actividades de enriquecimento curricular, que não eram obrigatórias. Havia actividades que ofereciam inglês, neste momento essas actividades podem também oferecer o inglês, tal como no próprio currículo do primeiro ciclo pode estar englobado o inglês”, explicou Crato, citado pela Lusa.
Segundo o ministro é essa a mudança trazida pelo diploma de Julho. Crato explicou que as escolas é que vão agora decidir se querem ou não continuar com o inglês e se lhe querem dar outro destaque. Há, disse, “um progresso”, porque se antes o inglês estava integrado em atividades de fim de tarde e não obrigatórias “agora pode ser integrado na oferta curricular”. “Nós não mexemos no inglês, damos liberdade às escolas para fazerem o que quiserem”, insistiu.
“É uma decisão que implica obviamente um ataque à escola pública. É mais um retrocesso, um passo atrás, numa escola que gostaríamos que fosse de qualidade para todos. Significa de facto que este Governo tem uma visão passadista da educação. É também uma decisão pedagogicamente errada e incompreensível. Uma segunda língua aprende-se, em todas as suas dimensões, com tempo, desde tenra idade”, defendeu o deputado Rui Santos. Já a coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou o MEC de levar um cabo um “retrocesso civilizacional”.
O Inglês passou a integrar obrigatoriamente as AEC no 1.º Governo de Sócrates, mas como estas têm carácter facultativo a sua aprendizagem era feita fora do período normal de aulas.