Idosos do nordeste algarvio protestam em Faro

Encerramento das extensões de saúde em Castro Marim.

A população, pobre e idosa, do nordeste algarvio chegou hoje, de autocarro a Faro para protestar contra o encerrado das extensões do Centro de Saúde de Castro Marim, nas freguesias de Azinhal e Odeleite. A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, no passado dia 14, mandou encerrar os serviços que, naquelas localidades, duas vezes por semana garantia a visita de um médico e de um enfermeiro.

Pelos montes isolados e nas aldeias deste concelho vivem cerca de 1500 habitantes, a distancias que chegam aos 40 de quilómetros da sede do concelho, e sem transporte público.

“As pessoas ficaram à deriva”, lamentou o presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral, PSD, ao mesmo tempo assumiu a linha da frente do movimento de protesto  contra o ministro da Saúde, Paulo Macedo, “pela forma desumana” como pretendeu pôr em marcha uma reforma que, ironicamente, é justificada pela “ necessidade de garantir melhores cuidados de saúde”.

Os populares viajaram em três autocarros, disponibilizadas pelas autarquias, e no largo do Carmo, em Faro, exigiram: “Somos pessoas, não somos números”, ao mesmo os autarcas exigiam um compromisso para fazer regressar o clinico à aldeia.

“Se quiserem ir ao médico, as pessoas tem de se deslocar a Castro Marim – preferem sofrer, não vão”, disse o presidente da junta de freguesia do Azinhal, António Baltazar, prometendo “não descansar, enquanto não forem reabertas as extensões de saúde”.

Ao vogal da ARS do Algarve, Miguel Madeira, entregaram um abaixo-assinado com 650 subscritores a exigir que o Governo volte atrás numa decisão que, alegam, “não reduz despesa, só castiga ainda mais aqueles que levaram uma vida de sacrifício”.

O autarca do Azinhal recordou que o ministro Paulo Macedo, há cerca de um mês, esteve na localidade a inaugurar a Unidade de Cuidados Continuados, e nada sugeriu sobre uma decisão que, aparentemente, já estaria prevista.No final do protesto, Miguel Madeira, em substituição do presidente da ARS que se encontra demissionário, garantiu aos jornalistas que a “decisão [de encerrar as extensões de saúde] foi validada superiormente”.

O presidente da Câmara, por seu lado, avançou com a ideia de uma proposta tripartida – município, junta de freguesia e ARS – para que fossem repartidas as despesas relacionadas com o apoio e assistência médica à população, localizada nos sítios mais distantes do concelho.

Miguel Madeira disse que a decisão não era “irreversível”, mas mais nada quis adiantar sobre o assunto. Os populares, perplexos, regressaram a casa. “Porquê tanto sofrimento a quem não merece?”, disse, indignado,  o presidente da junta de freguesia: “No dia em fecharam a extensão de saúde, ficaram 45 pessoas no Azinhal à espera de médico e de informação sobre exames clínicos, não há o  mínimo respeito”

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