Figo nega que contrato com Taguspark tenha servido para pagar apoio a Sócrates

Antigo futebolista, testemunha-chave no caso Taguspark, depôs nesta sexta-feira no Tribunal de Oeiras.

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Figo depôs por videoconferência a partir de Itália Rui Soares

O antigo futebolista internacional português, que depôs por videoconferência a partir de Itália no julgamento do caso Taguspark, a decorrer no Tribunal de Oeiras, esclareceu ainda que o pequeno-almoço que teve na altura com o então primeiro-ministro ia servir-lhe para obter informações privilegiadas sobre o destino de algum do seu dinheiro.

Segundo Figo, o objectivo do encontro com Sócrates era questionar o primeiro-ministro sobre o futuro do BPN, que lhe tinha ficado a dever verbas de um outro contrato de imagem, e sobre o destino do BPP, banco de que era cliente.

O julgamento, que teve início há duas semanas em Oeiras, visa apurar se o apoio de Figo a José Sócrates em vésperas das eleições legislativas de 2009 foi genuíno ou pago com dinheiros públicos do parque tecnológico de Oeiras, de que a PT é accionista.

O Ministério Público não tem dúvidas de que o jogador negociou e recebeu contrapartidas por apoiar Sócrates, mas o seu desconhecimento de que o Taguspark era uma sociedade de capitais maioritariamente públicos fez com que não tenha sido constituído arguido.

O contrato de cedência de direitos de imagem do ex-futebolista ao Taguspark, assinado por intermédio do ex-administrador Rui Pedro Soares, tinha um valor global de 750 mil euros, de que apenas a primeira tranche terá sido paga.

Além de Rui Pedro Soares, são ainda arguidos no processo Américo Tomatti, à data dos factos presidente da comissão executiva do Taguspark, e João Carlos Silva, antigo administrador do pólo tecnológico. Todos estão acusados de corrupção passiva para acto ilícito.

Na sessão desta manhã do julgamento depuseram os administradores da Portugal Telecom Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, com este último a garantir que a PT "não é uma empresa de cunhas, mas de meritocracia". E acrescentou, sobre o contrato de Figo com o Taguspark: "Acho absolutamente inverosímil Luís Figo vender o seu apoio de forma tão primária".

Entre as testemunhas que serão ouvidas nas próximas semanas contam-se ainda os ex-futebolistas Rui Costa e Sá Pinto, o treinador José Mourinho ou Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras.

 

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