Exame de Português do 9.º ano com pior resultado de sempre

Média negativa nos dois exames de final do 3.º ciclo.

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No 6.º ano 45% dos alunos tiveram média negativa no exame ADRIANO MIRANDA

Os resultados foram conhecidos esta segunda-feira. A média nacional no exame de Português baixou para 47% .Os exames nacionais do 9.º ano estrearam-se em 2005. A média a Português só tinha sido negativa em 2006 , ficando nos 49%, mesmo assim mais alta do que a registada este ano.  

A média no exame de Matemática do 9.º ano também baixou para 43%, menos 10 pontos percentuais do que no ano passado, quando subiu para 53%. O resultado deste ano é o terceiro mais baixo em nove anos de exames nacionais.

Os resultados dos exames do 6.º ano, que se realizaram este ano pela segunda vez, foram um pouco mais animadores, embora também se registe uma quebra por comparação a 2012. A Português a média desceu de 59% para 51% e a Matemática caiu de 54% para 49%.

Reagindo a estes resultados, o ministro da Educação, Nuno Crato, considerou, numa declaração enviada à agência Lusa,  que estes “mostram dificuldades persistentes em Português e Matemática, num número muito elevado de alunos”. “São dificuldades que é urgente ultrapassar, e todos nós - professores, escolas, pais e, obviamente, o ministério - temos de nos empenhar em as ultrapassar.  Tudo isto mostra a necessidade de haver uma avaliação externa rigorosa. Mas não basta conhecermos as dificuldades. Temos de actuar”, vincou.

No dia 20 de Junho, data do exame de Português do 9.º ano, a Associação de Professores de Português (APP) sublinhava, no seu parecer à prova, ser motivo de “perplexidade” o facto de no Grupo II, que incide sobre gramática, o grau de exigência das questões colocadas ser superior às seleccionadas para o exame do 12.º ano. Não foi a única crítica da APP ao exame do 9.º ano. 

No Grupo I, com perguntas de interpretação, a associação questionou a escolha de um texto com recurso a estrangeirismos. Este grupo é constituído por três partes que têm na base textos diferentes. O poema escolhido para a parte B (Mar, de Miguel Torga) tem, segundo a APP, “um carácter metafórico elevado” que exige do aluno “uma capacidade de ver para além do texto”.  A parte C versa geralmente sobre os autores de leitura obrigatória no 9.º ano — Gil Vicente e Camões. Este ano, depois de uma pausa em 2012, voltaram a sair Os Lusíadas, mas a APP considerou que as estrofes escolhidas não apresentam informação suficiente sobre o episódio da obra em que se inserem e cuja identificação é pedida aos alunos.

Também a Associação de Professores de Matemática (APM) alertou para a dificuldade de alguns dos itens propostos no exame da disciplina, frisando em dois casos que o tempo exigido para a sua resolução é excessivo para uma prova final. Segundo a APM, “a forma como alguns dos itens são apresentados também poderá impedir a sua resolução, tendo em conta o grau de abstração que requer”.

Já a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considerou que o exame deste ano foi mais fácil do que o de 2012. Os resultados dão conta do contrário. Segundo a SPM, o exame de 26 de Junho não continha “nenhuma questão de muita elevada complexidade”.

Em relação ao exames do 6.º ano, a APP considerou a prova bem estruturada e adequada aos alunos a que se destinava.  A APM lamentou que o enunciado apresentasse “uma distribuição pouco equilibrada dos grandes temas do programa” e defendeu que a prova “deveria apresentar mais itens de grau de dificuldade intermédia”. A SPM, pelo seu lado, considerou que o exame era ligeiramente mais difícil do que o de 2012, mas que estava “adequado ao aluno médio”.  E congratulou-se pelo facto de os alunos terem de realizar “uma parte muito substancial da prova sem recursos a calculadora”.

Na semana passada foram conhecidos os resultados dos exames do ensino secundário, que se saldaram em média negativas em todas as provas mais concorridas, tendo também Português igualado o seu pior resultado de sempre.

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