“Esposas de Viseu” querem acabar com prostituição
Blogue está a divulgar as matrículas dos carros que se dirigem à Quinta do Grilo, que é conhecida como o “bairro vermelho” de Viseu.
O caso da prostituição na Quinta do Grilo ganhou maior expressão no início deste ano com a divulgação da revolta dos moradores. O local até ficou conhecido como o “bairro vermelho” de Viseu por as prostitutas se exibirem nas janelas dos andares onde moram e recebem os clientes.
Depois de abaixos-assinados e queixas na PSP por causa do “mau ambiente”, chegou agora a vez do “combate” à prostituição ser feito através das redes sociais. Uma “arma” que nem todos concordam ser a mais “eficaz”. “Não me chateia haver uma lista que divulgue esses dados, embora seja de ressalvar que a origem da mesma não é de fonte fidedigna”, disse Nuno Silva. Na sua opinião, é preciso haver algum cuidado, pois “poderá servir de vingança pessoal e a exposição prejudicar alguém que nem sabe do que se trata”.
Isabel Machado vive há três anos na Quinta do Grilo e admitiu que chega a ser “embaraçoso” sair do carro para entrar no prédio onde habita. “Já me aconteceu algumas vezes as pessoas que estão dentro de carros olharem para mim. É vergonhoso, mas ultimamente o bairro está mais calmo”, sublinhou. A moradora compreende a revolta quer de quem mora no bairro, quer das alegadas “esposas”, mas é da opinião que a divulgação das matrículas chega a ser “ridícula”. “Faz-me lembrar a história das mães de Bragança”, recordou.
“Parece-me abusiva esta iniciativa de pessoas que partem de uma atitude de preconceito”, começou por afirmar Carlos Vieira, da Olho Vivo, uma associação que tem prestado apoio a muitas prostitutas e cidadãs ilegais de Viseu. “Não me parece que esta seja a forma ideal para resolver os problemas. Há uma série de dispositivos legais aos quais os moradores podem recorrer e não é com esta exposição pública que eles vão acabar”. Para Carlos Vieira, um exemplo a seguir vem da Suécia, país que optou por “penalizar os clientes”.
A divulgação das matrículas numa página online levanta questões legais sobre a privacidade. A PSP de Viseu explicou que neste caso não se pode falar em “crime público” e que só poderá actuar se houver denúncia. “Nessa altura, investigamos e remetemos para o Ministério Público que depois se pronunciará”, disse o comandante Victor Rodrigues e confirmou que até esta sexta-feira nenhuma queixa tinha sido apresentada.
A polícia reforçou a sua presença no bairro depois das notícias que deram conta das queixas dos moradores, mas só pode actuar em situações de atentado ao pudor ou quando se vislumbram casos de lenocínio.