Ébola: doente com sintomas suspeitos internado no Hospital de São João

Doente “encontra-se clinicamente estável” e foi internado por “precaução”. Resultados das análises conhecidos nesta segunda-feira.

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O quarto no serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João reservado aos doentes com ébola Rui Farinha (Arquivo)

Segundo um comunicado do hospital, "o doente encontra-se clinicamente estável e ficou internado" às primeiras horas da noite de hoje, tendo sido já recolhidas amostras para análise cujos resultados serão divulgados na manhã desta segunda-feira. Só nessa altura o hospital e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) prestarão novas informações sobre o caso, avançou o director-geral da Saúde, Francisco George, em declarações à agência Lusa, acrescentando que o doente ficou internado por “precaução”.

As análises serão processadas no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa), em Lisboa, que é o laboratório nacional de referência. Até à data, o Insa já foi chamado a actuar em quatro casos considerados suspeitos, que se vieram a revelar todos negativos (três eram doentes com malária e o outro tinha febre tifóide).

O Hospital de São João é, a par do Curry Cabral e do Dona Estefânia, ambos em Lisboa, um dos três hospitais de referência definidos pelas autoridades de saúde nacionais para atender os casos de ébola. Este é o primeiro caso em Portugal de um doente internado numa unidade hospitalar com suspeitas de estar infectado com o vírus.

Este caso é conhecido numa altura em que a DGS se prepara para rever todas as orientações dirigidas aos profissionais de saúde para enfrentar eventuais casos suspeitos de infecção por vírus de ébola, depois de na última sexta-feira ter actualizado os procedimentos de segurança na colheita, manipulação e transporte das amostras de sangue.

Também neste domingo, as autoridades de saúde dos EUA confirmaram o primeiro caso de contágio de ébola em solo norte-americano. Trata-se de uma enfermeira da equipa do hospital de Dallas que assistiu a primeira vítima mortal de ébola no país, o liberiano Thomas Eric Duncan, internado a 28 de Setembro e que veio a morrer no passado dia 4 de Outubro depois de ter contraído o vírus em África.

Foi o segundo caso de contágio a ocorrer fora do continente africano e, tal como no caso da auxiliar de enfermagem espanhola Teresa Romero — internada em Madrid depois ter sido infectada ao tratar um missionário que morreu após ter sido repatriado da Serra Leoa para Espanha —, as autoridades norte-americanas dizem que pode ter havido uma falha nos protocolos de segurança em vigor, admitindo que outros profissionais que contactaram com Thomas Duncan possam vir a adoecer.

O actual surto de ébola, que começou em Dezembro de 2013, matou mais de quatro mil pessoas, a quase totalidade na Guiné, Libéria e Serra Leoa. A Libéria é o país mais atingido pelo vírus da febre hemorrágica, com 2316 mortos em 4033 no total dos sete países afectados, segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados na sexta-feira.

A ONU alerta para um aumento exponencial de novos casos na região, face à incapacidade de resposta dos sistemas de saúde nacionais e à insuficiência da ajuda internacional. A directora-geral do Fundo Monetário Internacional diz, no entanto, que a mobilização que é necessária para travar a epidemia não deve servir de pretexto para “ostracizar” os países mais atingidos nem “criar um clima de terror no planeta ou sequer em toda a África”. 

Na última semana, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, assegurou que a DGS obteve garantias de que Portugal terá acesso ao soro experimental que foi administrado aos doentes que sobreviveram ao vírus e garantiu que Portugal está preparado para responder a eventuais casos de ébola.

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