Denúncias boas
Na página 12 do PÚBLICO de anteontem duas notícias enfurecedoras. Clara Viana contava o caso de um exercício num livro escolar do 9.º ano cujos dois primeiros períodos são "O Diogo largou um gato da varanda do seu quarto a 5 m do solo. Sabendo que o gato tem de massa 4 kg, indica qual a intensidade da força aplicada ao gato durante a queda".
A pergunta agradará aos energúmenos que puseram um vídeo no YouTube em que disparavam sobre um gato. Já a editora reagiu admiravelmente aos protestos e o livro não sairá com o exercício psicopata. Estão de parabéns, sobretudo, os denunciantes e propagadores que chamaram a atenção para a crueldade.
Francisco Alves Rito contava várias versões da história de Andreia Branco, a mãe que se queixou de ter recebido leite fora de prazo dum banco alimentar e que ouviu dizer "por causa disto nunca mais cá vens buscar nada". Felizmente a mãe queixou-se no Facebook e, mais uma vez, graças aos protestos acumulados (e às perguntas de jornalistas do PÚBLICO), tudo indica que o Rotary Club de Sesimbra e a Câmara Municipal de Sesimbra vão pedir desculpa à Andreia Branco e garantir-lhe que o direito de queixar-se é tão importante como o direito de ir receber alimentos doados pelos hipermercados. Quem recebe uma dádiva está a dar a recompensa de uma boa acção a quem dá. São os dadores que deveriam agradecer a oportunidade. Quem recebe tem duplamente direito de se queixar. Hoje em dia denunciar vai resultando. É uma novidade.