Cirurgia para mudar a cor dos olhos pode cegar, avisam especialistas
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia alerta para o aumento exponencial de cirurgias para mudar a cor dos olhos no estrangeiro. Os procedimentos, que não estão aprovados em Portugal, podem ter consequências graves para a visão e até mesmo cegar.
De momento há dois procedimentos possíveis para a transformação da cor dos olhos. Uma concentração elevada de pigmentos de melanina à superfície da íris torna os olhos castanhos, por isso, incide-se laser na íris de forma a destruir os pigmentos e dar cor azul aos olhos. Há também a possibilidade de colocar um objecto estranho dentro do olho, ou seja, um implante entre a íris e a córnea para o mesmo efeito.
Em Portugal, a introdução do implante intraocular não está aprovada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed). Também em países como o Brasil e os Estados Unidos em que o procedimento não está aprovado, as associações de oftalmologia têm lançado alertas, pode ler-se no comunicado publicado pela Associação Brasileira de Oftalmologia (ABO), “pacientes brasileiros já foram submetidos a ele [implante intraocular] no exterior e a desinformação pode trazer grandes danos permanentes”.
Em 2012 foi publicado um estudo no Journal of Cataract & Refractive Surgery que concluiu que o transplante intraocular pode causar danos irreversíveis nos olhos. Realizado em sete pacientes submetidos ao procedimento, verificaram que, eventualmente, todos acabaram por ter de retirar os implantes em ambos os olhos, elevando ainda mais o risco lesões. Observaram-se muitas complicações como é o caso de: cataratas, hemorragias, diminuição da qualidade visual, pressão intraocular aumentada, uveítes, inflamação oculares, glaucomas e lesões corneanas, podendo, em casos extremos, ser necessário um transplante córneo. Muitos destes problemas, em particular, o glaucoma, são as causas mais frequentes de cegueira no mundo, segundo comunicado da ABO.