Cavaco Silva foi “infantil” e Portugal politizou incidente com TAP, diz ministro guineense
Fernando Vaz defende que sistema da TAP tem “inúmeras fragilidades”.
“Portugal entende que não há segurança, Primeiro, começou por dizer que havia artilharia pesada na pista do aeroporto e que a tripulação foi ameaçada, de coacção, etc. O senhor Presidente da República, sem comprovar, sem fiabilidade das fontes, aparece publicamente a fazer uma declaração tendo como suporte essas falácias e calúnias em relação à Guiné. Foi bastante triste o que aconteceu”, disse Fernando Vaz, em declarações à TSF, acusando Cavaco Silva de se ter precipitado. “Não estava à espera disso pela experiência política que tem o doutor Cavaco Silva e foi extremamente infantil esse posicionamento.”
Fernando Vaz, que é também o porta-voz do Governo de transição guineense, acusou Portugal de estar a politizar o caso, para adiar as eleições e permitir que Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro, consiga recensear-se. “Portugal apoiou sempre o ex-primeiro-ministro e não reconhece o actual Governo de transição, onde o partido do ex-primeiro-ministro, o PAIGC, tem cinco ministros. Portugal continua a insistir em apoiar o ex-primeiro-ministro”, disse o responsável guineense.
Na mesma entrevista à TSF, Fernando Vaz desvalorizou as responsabilidades das autoridades guineenses, não comentando, por exemplo, o facto de ter sido o ministro do Interior a pressionar a tripulação da TAP a fazer o embarque dos sírios que tinham passaportes falsos.
“As pessoas entraram legalmente na Guiné, com vistos concedidos na nossa embaixada de Marrocos”, argumentou o ministro da Presidência, acusando a TAP de “fragilidades” nos processos de controlos de passageiros.
“A TAP tem a responsabilidade de fazer o controlo e de impedir o embarque de pessoas indevidamente documentadas”, disse Fernando Vaz, afirmando que o sistema da companhia portuguesa “permite que as pessoas façam check in online, sem notificação de vistos”: “Se quiser viajar para os EUA, não lhe vendem o bilhete se não souberem o número de vistos. Há que admitir que o sistema TAP tem inúmeras fragilidades”, acrescentou o ministro guineense, considerando “que houve falhas de ambas as partes”.
Na sequência deste episódio, a TAP cancelou as ligações entre Lisboa e Bissau. Numa primeira fase, a companhia aérea portuguesa tem voado para Dacar (no Senegal), fretando depois um avião da Air Senegal para fazer a ligação até Bissau. Só que na quinta-feira, a TAP anunciou o fim destas ligações no fim do ano, desconhecendo-se quantos passageiros terão bilhete comprado para o voo Lisboa-Bissau.
“O contrato com a companhia senegalesa termina com a realização do voo que parte de Lisboa na próxima 2ª feira, 30 de Dezembro, regressando na manhã de 3ª, motivo pelo qual a TAP deixa de realizar os voos Lisboa/Dakar/Bissau/Dakar/Lisboa que vinham a ser efectuados", refere um comunicado da transportadora aérea.
A TAP limita-se a referir que os passageiros com reservas para depois dessa data "serão contactados oportunamente" pela companhia. A transportadora nunca divulgou até hoje quanto lhe custou fretar o avião à companhia senegalesa em período natalício, embora o seu presidente, Fernando Pinto, tenha admitido que se trata de um "custo pesado" para a empresa.
"A realização, no futuro, de voos da TAP entre Lisboa e Bissau será reavaliada quando existirem garantias que permitam a realização de voos em condições normais de segurança", termina o comunicado da TAP.