Cáritas: Governo tem de dizer à troika que o povo não suporta mais sacrifícios

Presidente da Cáritas diz que é urgente estancar “o flagelo do desemprego”, numa altura em que decorre a sétima avaliação do programa de assistência financeira a Portugal.

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Para a Cáritas, o Governo tem de ser “mais afirmativo” junto da troika Paulo Pimenta

 

No momento em que decorre a sétima avaliação trimestral do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional ao programa de assistência financeira a Portugal, que começou na segunda-feira, Eugénio Fonseca defendeu, em declarações à agência Lusa, que o comportamento do Governo devia ser “mais afirmativo” junto da troika.

“Os nossos governantes, porque são representantes do povo e estão lá nessa condição, que façam sentir à troika que se há ainda que recuperar mais receita, então que a procurem aplicando princípios de equidade que, até agora, não têm sido evidentes”, sustentou.

O presidente da Cáritas sublinhou que durante esta sétima avaliação o Governo deve ainda pedir àtroika “que esteja consciente de que é necessário começar já a abrir caminhos para o investimento em Portugal, de tal maneira que comece a surgir aquilo que o povo anseia: a criação de postos de trabalho”.

Afinal, acrescentou, “o flagelo do desemprego nos últimos três anos tem sido uma constante imparável”, algo que é preciso “estancar” porque “é ele que está a arruinar as famílias portuguesas e nada tem sido feito, pelo contrário”.

Eugénio Fonseca deixou ainda uma recomendação sobre o alargamento do prazo de cumprimento do memorando, defendendo que este deve acautelar duas exigências: “que não acarrete mais juros sobre a dívida e, se possível, que se reequacione o montante desses juros”.

A sétima avaliação fica marcada pela recente revisão das previsões para a economia portuguesa feitas pela Comissão Europeia, que colocam agora a economia a recuar 1,9%, contra uma previsão anterior (partilhada pelo Governo) de uma recessão de 1%, o que fará disparar o desemprego para uma taxa de 17,3%.

A avaliação será ainda marcada, não só pela activação do chamado ‘Plano B’ do Governo — um plano que prevê poupanças adicionais de cerca de 800 milhões de euros de forma a cumprir as metas do défice —, como pela discussão do pacote de reforma do Estado, que prevê o corte de quatro mil milhões de euros na despesa pública.