Mais pessoas chegam às urgências dos hospitais norte-americanos por causa de bebidas energéticas
Nos Estados Unidos, os fabricantes de bebidas energéticas não são obrigados a revelar na embalagem a quantidade exacta de cafeína que cada bebida contém.
O estudo, conhecido esta sexta-feira, foi realizado pelo Substance Abuse and Mental Health Services Administration com base num inquérito junto de 230 hospitais dos EUA – correspondentes a 5% dos serviços de urgência do país – e revela que as visitas às urgências hospitalares na sequência do consumo de bebidas energéticas duplicaram em quatro anos, passando de dez mil visitas em 2007 para 20 mil em 2011.
Destas 20 mil idas ao hospital, 42% correspondem a pessoas que misturaram a bebida energética com outras substâncias estimulantes ou com álcool. A maioria dos consumidores era constituída por adolescentes ou jovens adultos.<_o3a_p>
O consumo de bebidas energéticas é muito frequente entre os norte-americanos e tem preocupado as instituições de saúde. A directora do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário de Georgetown, Allen Taylor, explicou ao abcNews que o consumo deste tipo de bebidas leva ao aumento da tensão arterial e do batimento cardíaco e as pessoas sentem efeitos semelhantes aos ataques de pânico, “sintomas de coração irregular ou piores”.<_o3a_p>
Em 2011, uma adolescente de 14 anos, residente em Maryland, morreu depois de ter consumido duas latas de 709 mililitros da bebida energética da marca Monster em menos de 24 horas. A autópsia dizia “arritmia cardíaca provocada por intoxicação de cafeína” e a família decidiu apresentar queixa em tribunal contra a marca. O processo levou o país a iniciar, em Outubro do ano passado, uma investigação sobre a eventual relação entre o consumo de bebidas energéticas daquela empresa e a morte de cinco pessoas nos últimos quatro anos. Este estudo surge na sequência deste caso.
<_o3a_p>Ainda que as 20 mil visitas registadas em 2011 sejam apenas uma pequena proporção no universo das 136 milhões contabilizadas no total dos hospitais norte-americanos, a Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula a entrada de novos produtos no mercado, expressou, em comunicado, que “vai ter em conta os resultados [do estudo] para rever a segurança destes produtos e dos seus ingredientes”.<_o3a_p>
Já a American Beverage Association, a associação responsável pela indústria de bebidas, considera que as bebidas energéticas são seguras e que o estudo é limitativo, não sendo possível “perceber qual a relação real que [o consumo de] bebidas energéticas teve nas visitas aos hospitais”, cita o abcNews. A associação acrescentou que a maioria das bebidas deste tipo contém metade da cafeína de uma chávena de tamanho normal servida em qualquer café. No entanto, os fabricantes não são obrigados a revelar na embalagem a quantidade exacta de cafeína que cada bebida contém.<_o3a_p>
Também a Austrália está preocupada com este tema. Um estudo divulgado esta quarta-feira e publicado na revista Medical Journal of Australia revela que 20% dos produtos que se podem encontrar nas lojas de conveniência são bebidas energéticas. O director do Centro de Informação de Venenos do Hospital Pediátrico de Westmead, na Austrália, Neren Gunja, sugere que o número das linhas de emergência dos centros de envenenamento passe a ser impresso nas embalagens de bebidas energéticas. “Cinquenta miligramas de cafeina são suficientes para provocar sintomas de intoxicação e a maioria destas bebidas contém cerca de três vezes mais do que esta quantidade”, disse o clínico que participou no estudo ao Courier Mail. Gunja realça que os sintomas descritos depois da ingestão de bebidas energéticas incluem palpitações, tremores, agitação, dores no peito e até alucinações.<_o3a_p>