Em Portugal é preciso exagerar para dizer as verdades. Em Lisboa, então, não se fala. Que seria de Portugal e de Lisboa se não fossem os estrangeiros, os turistas e os imigrantes?

Veja-se só o café. Se não fossem os russos da Fábrica Roasters Café e as dinamarquesas do Copenhagen Coffee Lab como poderíamos nós portugueses beber um bom café em Lisboa?

No Porto - que é uma cidade mais aberta e menos tacanha - os turistas e estrangeiros são justamente celebrados. Em Lisboa que é uma cidade linda e acolhedora há alguns asquerosos reacionários que amaldiçoam a "invasão".

Portugal é um país que por definição e  outras palavras acabadas em "ão", como vocação e ambição, depende do mundo.

Lisboa será outra vez Lisboa quando houver dentro dela, sem a culpa ou os castigos do imperialismo, todos os viajantes que couberem.

Os estrangeiros, sejam eles quem forem, são a nossa secreta família. Sentirmo-nos bem no mundo foi a primeira parte. O mundo sentir-se bem cá é a segunda.

Portugal é um país bom e bonito de mais só para os portugueses. E os portugueses são inteligentes e sensíveis de mais para se contentarem apenas com as coisas que são as nossas, por muito boas que sejam.

Ser-se cosmopolita é conhecer o que mais se gosta. Portugal faz parte do mundo das coisas boas. Mas as coisas boas ultrapassam Portugal em muitas coisas.

A solução - a única - é aceitar que a bondade é uma questão de sentimento e de apreciação.

O resto é música.

Aleluia!