Para a ANP, a denúncia de plágio trava ascensão de Grancho a ministro da Educação
A sucessora de João Grancho na presidência da Associação Nacional de Professores diz não ter dúvidas de que "o ataque pessoal" parte "de alguém" ou de "um sector" que viu no secretário de Estado "uma ameaça".
“Não sei como é que a informação foi parar ao PÚBLICO, mas não tenho dúvidas de que o objectivo foi manchar, de forma injusta, a imagem de integridade de um homem que tinha todas as condições e qualidades para ser ministro da Educação do próximo Governo”, afirmou a a presidente da ANP. Referia-se à notícia do PÚBLICO que dava conta de plágio numa comunicação apresentada 2007 por João Grancho, numas jornadas europeias, em Múrcia, Espanha, precisamente na qualidade de dirigente da associação hoje presidida por Paula Carqueja.
Em algumas partes da sua conferência, com o tema A dimensão moral da profissão docente, Grancho integrou excertos de documentos anteriores, da autoria de outros académicos, sem fazer qualquer referência aos autores originais.
Em resposta ao PÚBLICO, o agora ex-secretário de Estado rejeitou a acusação de plágio e ao fim da tarde de sexta-feira demitiu-se do cargo, alegando motivos “de ordem pessoal”. Num comunicado divulgado este sábado, a direcção da ANP considera que a esses motivos “não será alheia a denúncia de plágio” e classifica-a como “um vil ataque pessoal, com fins inconfessáveis, e sem fundamento efectivo”.
Em declarações ao PÚBLICO, Paula Carqueja afirmou estar “absolutamente certa” de que Grancho "seria incapaz de se apropriar intencionalmente do trabalho alheio" e disse acreditar que ele "não citou os autores na bibliografia por esquecimento". “É daquelas coisas que dizemos “faço mais logo” e depois passam”, considerou. Isso terá acontecido, reforçou, “por as ideias explicitadas nos extractos coincidirem totalmente, e se confundirem, com a posição da associação sobre a matéria que estava em causa”.
Ressalvando que não falou sobre este assunto com Grancho, Paula Carqueja descreve-o como “uma pessoa íntegra, incapaz de fazer aquilo de que o acusam, com conhecimentos, experiência e um nível de aceitação na comunidade escolar que faziam dele uma ameaça política para alguém”. “Não encontro outra explicação para este ataque neste momento”, insistiu, sublinhando que o ex-secretário de Estado é "alheio aos problemas que se têm verificado com a colocação de docentes nas escolas" e "não estava, ao contrário dos restantes elementos da equipa ministerial, fragilizado".
“Se o Ministério da Educação tinha problemas, que prejudicam os professores e a comunidade escolar, hoje ganhou mais um: perdeu um dos mais qualificados responsáveis, com inevitáveis reflexos para o futuro próximo”, considera a direcção da ANP em comunicado.