Costa da Caparica reclama esporão submerso para conter avanço do mar

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A força da preia-mar destruiu hoje a esplanada de um bar na praia de S. João André Kosters/Lusa

O presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, António Neves, defendeu hoje a colocação de um esporão submerso na zona entre a Cova do Vapor e o Bugio para prevenir o avanço do mar nas praias de São João.

António Neves vai apresentar esta proposta numa reunião que decorre hoje, pelas 21h00, na qual participarão a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Almada, a Junta de Freguesia da Costa da Caparica e o Inag-Instituto da Água, entidade responsável pelas obras que têm decorrido nas praias do Norte.

O autarca admite que "esta proposta é a mais cara", mas defende que se trata de "uma obra essencial para prevenir" uma "situação terrível e que começa a saturar toda a gente".

No âmbito da reunião desta noite deverá ser criada uma comissão de acompanhamento sobre o avanço do mar na Costa da Caparica, que irá apresentar novas soluções para a resolução do problema, nomeadamente através da análise de estudos feitos pela Universidade do Porto e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

O vereador da Protecção Civil da Câmara de Almada, Henrique Carreiras, afirmou que o facto de a reunião desta noite ocorrer no mesmo dia em que a força da preia-mar destruiu a esplanada do Bar do Búzio, na praia de S. João, "é pura coincidência".

Proprietário do bar quer "responsabilizar quem tem culpas"

Luís Moura, proprietário do bar destruído, afirmou que pretende "responsabilizar quem tem culpas nesta situação" e acrescentou que quer ter o estabelecimento a funcionar no Verão deste ano, com condições para que os utentes possam frequentar a zona — limpeza da praia e contratação de nadadores-salvadores.

Esta manhã, Luís Moura começou a remover o que resta do seu estabelecimento, sendo que o material que se encontrava no interior do bar já tinha sido retirado no passado sábado.

O presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica lamentou a destruição do bar, mas referiu que o apoio prestado por parte da junta "será apenas moral", dada a inexistência de "verbas para colmatar esta perda".

Em relação ao avanço do mar e consequente destruição do cordão dunar, o presidente do Inag, Orlando Borges, afiançou, por sua vez, que "a situação nos sítios intervencionados está perfeitamente controlada".

Orlando Borges explicou que a protecção inicial de certas zonas do cordão dunar fez com que o mar avançasse mais para Norte, "atacando zonas à partida mais desprotegidas".

A adjudicação da continuação da obra foi dada à empresa que já estava no terreno por um período de 800 horas, ou dois meses de trabalhos, altura em que se inicia a segunda fase da intervenção — o preenchimento artificial das praias com cerca de três milhões de metros cúbicos de areia.

O presidente do instituto considerou ainda que a protecção dos apoios de praia "não é o objectivo fundamental", visto que esses mesmos bares estão provisoriamente nesta zona, considerada de risco, e serão recolocados com o início das obras do Plano de Ordenamento da Orla Costeira. No entanto, Orlando Borges espera que os outros bares de praia não sejam atingidos pela força do mar, ainda que um desses estabelecimentos, o bar Pé Nu, tenha perdido a vedação que protegia a esplanada na preia-mar das 05h00 de hoje.

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