Manifestantes identificados pela PSP são dois guardas prisionais

A PSP, que recusa fornecer qualquer identificação dos dois manifestantes, diz que estes indivíduos provocaram "alguns desacatos na linha da frente da manifestação, ao fundo da escadaria".

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Os dois indivíduos não puderam voltar à manifestação porque havia o risco de reincidirem, argumenta a PSP Miguel Manso

Um dos manifestantes foi um dos feridos assistidos pelo INEM no local e que depois teve de ser encaminhado para o hospital. Das dez pessoas que receberam assistência médica, seis eram polícias em serviço e quatro manifestantes (dois deles seguiram para o hospital). 

A PSP, que recusa fornecer qualquer identificação dos dois manifestantes, diz que os indivíduos provocaram "alguns desacatos na linha da frente da manifestação, ao fundo da escadaria". Empurraram os agentes em serviço, desobedeceram às ordens das forças de segurança e tentaram furar o perímetro até à segunda linha, descreveu ao PÚBLICO o porta-voz do comando metropolitano da PSP de Lisboa, Rui Costa.

Foram, por isso, "retirados da manifestação e identificados, porque o seu comportamento configura um ilícito criminal". Agora será feito um auto de notícia que será remetido para o Departamento de Investigação e Acçao Penal. Tendo em conta que a manifestação foi filmada com as três câmaras autorizadas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), as imagens poderão vir a ser usadas num futuro processo em tribunal, admite o comissário Rui Costa. Acrescenta que, tal como a CNPD exige, as imagens, que foram captadas sem som, foram retiradas das câmaras no final da manifestação, seladas e entregues ao oficial responsável para posterior envio ao Ministério Público.

Os dois indivíduos não puderam voltar à manifestação porque havia o risco de reincidirem, argumenta a PSP para justificar o que classifica de "retenção", negando ter havido detenções. "Em condições normais seriam detidos, porque se trata de um crime em flagrante delito", mas, numa situação de protesto como o de ontem, com os ânimos exaltados e sem perspectiva do que poderia acontecer, a PSP optou por correr riscos mínimos, justifica o comissário Rui Costa.

Se o Ministério Público entender que deve ser deduzida acusação contra os dois guardas prisionais, isso poderá também ter repercussão a nível disciplinar. Mas neste último caso as imagens captadas pelos agentes da PSP não poderão ser usadas, tal como estipulou a Comissão Nacional de Protecção de Dados.

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