Onze mortos em despiste de autocarro na Sertã

Iam de Portalegre numa excursão ver um presépio em Santa Maria da Feira. Mas havia obras no IC8 e o piso estava molhado. O autocarro caiu para uma ravina.

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Sérgio Azenha
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Era um grupo de 44 pessoas, sete crianças. Tinham partido de Portalegre, Arronches e Castelo de Vide, com destino a Santa Maria da Feira, onde iam visitar o presépio de São Paio de Oleiros - que abriu no final ano passado como sendo o maior de mundo. O organizador, Luís Barbas, foi alugar o autocarro a uma empresa de Badajoz, chamada Autocares Rabazo. Também lá estava. E levava o filha de dez anos.

Nenhum dos ocupantes escapou incólume. Todos – excepto os dez que foram dados como mortos no local – foram levados para os hospitais de Castelo Branco e de Coimbra. Para ajudar no resgate foram precisos 323 bombeiros e agentes da protecção civil, 124 veículos, gruas e um helicóptero. Um hospital de campanha foi montado no local e dezenas de ambulâncias foram posicionadas na estrada para transportar os feridos.

As crianças sofreram apenas ferimentos ligeiros, adiantou o oficial de dia do comando territorial de Castelo Branco. Um dos feridos graves morreu já no Hospital Universitário de Coimbra, onde continuavam internadas quatro pessoas no domingo à noite.

No Hospital dos Covões, também em Coimbra, estão outras quatro e no Hospital Pediátrico deram entrada quatro crianças. Às 15h30, duas estavam em condições de ter alta. As outras duas deveriam permanecer mais dois dias no hospital, devido a fracturas, segundo o director clínico da equipa de urgência, Jorge Saraiva.

No domingo à noite, a última actualização dava conta de 21 pessoas hospitalizadas (12 das quais em estado grave), havendo outras 12 a quem tinha sido dado alta.

O motorista é português, vive numa pequena localidade nos arredores de Portalegre. Ainda não pôde falar para contar o que aconteceu, mas este não é o primeiro despiste a acontecer ali. Houve um na quarta-feira, outro na sexta anterior. À Rádio Portalegre, o organizador contou que o autocarro entrou em derrapagem, deu uma cambalhota e caiu para uma ravina, devido a um “ressalto no piso” que apanhou de surpresa o motorista.

No local, o vereador das Obras da Câmara da Sertã, Rogério Fernandes, explicou ao PÚBLICO que aquele troço está em obras, com um piso provisório, e que por isso há sobreposições que formam várias lombas. Metros antes do local em que o autocarro se despistou está uma dessas lombas.

Já no acidente de quarta-feira, tinha acontecido o mesmo: um camião de transporte de automóveis despistou-se, depois de um ressalto numa dessas lombas, contou ao PÚBLICO o condutor.

Na estrada há vários avisos. Mas isso não tem evitado os acidentes. “Com esta chuva e este piso têm surgido vários acidentes”, disse o presidente da câmara, José Farinha Nunes, aos jornalistas no local do acidente. José Nunes afirmou que já tinha alertado a Estradas de Portugal para o perigo. No Verão – quando também ainda não tinham começado estas obras – não costumava haver acidentes ali.

O IC8 esteve cortado nos dois sentidos até às 17h30, altura em que a GNR abriu uma das faixas para servir ambos os sentidos. às 20h50, foi restabelecida a circulação de forma normal.

O autocarro envolvido no acidente no IC8 foi removido com recurso a uma grua, cerca das 14h50.

As causas do acidente estão ainda por apurar.

Notícia corrigida às 19h27: o organizador da viagem levava consigo a filha de dez anos e não um filho de dois dias como previamente estava referido.

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