Viúva de Zeca Afonso indignada com uso de poemas do cantor no congresso do PSD

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“Quero protestar contra o uso, pelo PSD, no seu congresso deste fim-de-semana, de versos de José Afonso”, diz Zélia Afonso Foto: DR/arquivo

“Quero protestar contra o uso, pelo PSD, no seu congresso deste fim-de-semana, de versos de José Afonso”, refere Zélia Afonso numa nota escrita enviada hoàs redacções.

A viúva do autor de temas como “O que faz falta” e “Grândola Vila Morena” diz que fica “satisfeita” quando vê “a obra musical do Zeca a ser estudada e até interpretada, por exemplo, por jovens que nem sequer o conheceram em vida” e considera que “isso significa que a sua mensagem artística e humana permanece viva e actual”.

“Penso também que a sua obra ultrapassa fronteiras, por exemplo partidárias. Mas a vida e as suas canções não só nunca se cruzaram com o PPD ou com PSD que se lhe seguiu, como estiveram, no tempo histórico em que coincidiram, em lados opostos da barreira”, afirma.

Zélia Afonso considera também que, “se fosse vivo”, José Afonso “estaria na primeira fila dos que hoje, em Portugal, combatem a política neoliberal do Governo de Passos Coelho”.

“Porque os responsáveis do PSD não podem ter dúvidas acerca disso, além de abusiva no plano legal, a utilização de versos seus na entronização do chefe deste partido e primeiro-ministro é também manipuladora e insultuosa. A memória de José Afonso não deve e não pode ser assim desvirtuada para efeitos de propaganda”, conclui.

Nascido a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, José Afonso morreu a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, aos 57 anos, vítima de esclerose lateral amiotrófica.