Subdirectora de Produção: Nuno Santos autorizou “inequivocamente” acesso da PSP às imagens
Ana Pitas, antiga subdirectora de Produção da RTP, disse esta terça-feira no Parlamento que Nuno Santos “autorizou inequivocamente a vinda da PSP às instalações da RTP”.
A ex-subdirectora de Produção fez aos deputados uma descrição cronológica dos acontecimentos. Disse ter recebido um telefonema “muito insistente” de um agente da PSP na noite de 14 de Novembro, já depois das 20h, dizendo querer ter acesso às imagens captadas pela RTP no Parlamento. “Não pedia apenas visionamento, pedia cedência.”
Ana Pitas dirigiu-se então a vários elementos da direcção de Informação que estavam na redacção e colocou o assunto. “Relatei-lhes o teor do telefonema, Nuno Santos respondeu: ‘Bom, a RTP colabora com as autoridades’”, contou a produtora. “Foi-me comunicado pelo director de Informação [Nuno Santos], pelo adjunto [Vítor Gonçalves], subdirector de Informação [Luís Castro] e pelo director adjunto de Produção que a polícia podia vir no dia seguinte para visionar num local discreto.”
De acordo com Ana Pitas, a única pessoa que levantou dúvidas sobre a decisão foi o director adjunto de Produção, que “discordou, dizendo que não era a forma correcta de tratar o assunto. Disse que era má ideia. Ninguém discordou. Todos estavam ao corrente de que a PSP viria no dia seguinte".
Luís Castro quis então saber o nome do agente que fez uma chamada. “O nome confirmava-se e era uma pessoa de confiança”, contou ainda Ana Pitas. “Ficou decidido que eu trataria do assunto para visionar no dia seguinte de manhã, num local discreto que seria no gabinete do subdirector de Informação”, Luís Castro, acrescentou Ana Pitas.
No dia seguinte, a produtora tratou da entrada dos dois agentes, e teve de arranjar um computador portátil, a pedido de Luís Castro, para o gabinete deste. Ana Pitas diz que estranhou o pedido, mas Luís Castro, com quem trocou uma conversa “azeda” porque esse computador portátil não estava previsto, disse-lhe que isso estava combinado desde o dia anterior com o subdirector de Produção e Ana Pitas não questionou. Ajudou a montar o equipamento no gabinete de Castro e só depois soube que, afinal, não tinha sido dada qualquer autorização para o uso do computador.
Os dois agentes entraram e estiveram no gabinete a ver imagens, acompanhados por uma jornalista, e a tirar notas. Ana Pitas recebeu depois da jornalista Ana Santos uma lista com pedidos de gravação, que a produtora mandou gravar.