Sócrates sobre Durão e o TC: "Isto já passou das marcas"

Durão Barroso, Cavaco Silva, Passos Coelho e Rui Machete foram alvo de críticas por parte do ex-primeiro-ministro.

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“O principal para Portugal é afirmar-se como um Estado de direito”, defende Sócrates Miguel Manso

Na RTP1, o ex-primeiro-ministro defendeu que o presidente da CE não se limitou a pressionar o Tribunal Constitucional, mas disse também que as medidas que substituirão as que possam vir a ser declaradas inconstitucionais serão piores. “Como é que o dr. Durão Barroso sabe? Como é que o dr. Durão Barroso sabe as medidas que o Governo diz que não tem?”

A tomada de posição de Durão Barroso – que José Sócrates considera ter sido “fingida, para não dizer cínica”, “pressionando claramente o TC dizendo que não pressionava” – aconteceu na quarta-feira, durante uma visita oficial do Governo português a Bruxelas, numa conferência de imprensa conjunta com Pedro Passos Coelho.

O primeiro-ministro não reagiu e José Sócrates entende que “isso é que é verdadeiramente indigno”. “O principal para Portugal é afirmar-se como um Estado de direito.” O que levou o antigo líder socialista a criticar também Cavaco Silva, lamentando que não tenha havido “nem uma palavra do Presidente da República para defender as instituições portuguesas”.

Meta nos juros da dívida é “erro político”
José Sócrates comentou também a meta estabelecida neste domingo pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que disse que um segundo resgate "é evitável", desde que as taxas de juro a 10 anos igualem ou fiquem abaixo dos 4,5%. “Um erro político. Um erro político que o Governo não deveria cometer.”

“Não se percebe por que é que o MNE se dá a este exercício masoquista”, afirmou, recuperando a qualificação usada há pouco mais de um mês por Cavaco Silva para as opiniões de políticos e analistas portugueses que dão a dívida portuguesa como insustentável,
“Onde terá ele ido buscar esse número? Com que entidade divina terá falado para encontrar essa fasquia?” Questionado sobre a meta estipulada por Teixeira dos Santos para a sustentabilidade das taxas de juro (7%), José Sócrates reagiu: “Isso também me parece que não tenha sido uma das declarações mais brilhantes do meu ministro das Finanças.”

“A sustentabilidade da nossa dívida está ligada ao crescimento da economia”, sublinhou. As declarações de Rui Machete foram “infelizes”, algo que Sócrates diz que “tem sido hábito” no ministro.

O ex-primeiro-ministro considera mesmo que, com estas afirmações, o ministro dos Negócios Estrangeiros “reafirma o falhanço do Governo”, que deveria ter regressado aos mercados em Setembro.
 
 

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