Soares nem no tempo de Salazar viu um Governo tão odiado, nem tanta fome
Mário Soares lançou um violento ataque ao Governo de Passos Coelho e pede a sua demissão.
Numa entrevista à TVI24, o antigo presidente da República voltou a defender que “é preciso mudar de política.” “Se o Governo não muda de política é necessário mudar de Governo.”
Para Soares, “o Governo está a destruir o país” e “se este Governo se mantiver muito tempo vai-nos destruir a todos”.
“O país inteiro está contra o Governo. As Forças Armadas, as forças de segurança, a Igreja. Se isto continua assim nós vamos para o abismo”.
Para o fundador do Partido Socialista, “se o primeiro-ministro tivesse um pouco de bom senso” demitia-se.
“Se não pudesse sair à rua, se visse que a tropa toda, tudo o que conta na sociedade portuguesa, tudo está contra mim, há muito tempo que me tinha demitido.”
“Não é uma brincadeira, nunca em Portugal houve uma situação em que houvesse um Governo que fosse tão humilhado pela opinião pública, tão odiado pelas pessoas na sua quase totalidade como o actual Governo. Nem no tempo de Salazar”, salientou Soares.
O fundador do PS diz não ter memória de ver alguma vez “um Governo que tivesse os militares de todas as patentes, até generais, na rua a protestar”, bem como a Guarda Republicana, as forças de segurança e a Igreja.
Questionado se isso pode trazer algum perigo, Soares diz que os militares já o disseram. “Toda a gente diz na televisão que não há dinheiro para comprar pão, para comprar nada, tem de ir pedir, vão aos caixotes de lixo. Alguma vez se viu isto em Portugal? Eu tenho 88 anos e nunca vi. Sinceramente nunca vi, nem no tempo de Salazar.”
Recentemente, o antigo Presidente afirmou que o primeiro-ministro devia ter cuidado. Agora justificou as suas palavras: “Quando disse para Passos Coelho ter cuidado, não é para o insultar nem para lhe criar medo. Estou convencido que ele devia cuidar da vida. Porque ele corre riscos efectivos.”
Soares diz que há muita gente calada e uma delas é Cavaco Silva: “O Presidente da República tem estado demasiado calado. As pessoas não compreendem por que não fala. (…) Há tanta dificuldade que o Presidente já devia ter dito algumas palavras, nomeadamente em relação ao Orçamento.”
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