Soares diz que Cavaco pertence “ao bando” do Governo

Antigo presidente diz que no tempo em que era primeiro-ministro no seu partido ninguém "tocava em dinheiros públicos".

Foto
Mário Soares deu entrada no hospital com uma indisposição Rafael Marchante/Reuters

Ao comparar os contributos para um Portugal democrático e justo, antes e depois do 25 de Abril, por parte de um dos fundadores do PS, Salgado Zenha, o antigo líder socialista e também ex-primeiro-ministro assegurou que nenhum membro do seu partido "tocava em dinheiros públicos", após uma homenagem àquele amigo e advogado, na Fundação Mário Soares.

"Acho que não. Em primeiro lugar, ninguém tocava nos dinheiros públicos. Nunca tocou. Dos socialistas, felizmente, não há um único de quem se diga que tocou em dinheiros públicos", defendeu, quando questionado sobre a existência de paralelo com a actual classe dirigente.

Instado a concretizar as suspeitas, Soares afirmou não ser "da polícia".

"Quem rouba é sempre um caso de polícia. Muitas vezes, sabemos, há ladrões, mas não vão à polícia, nem são julgados, mas isso é a situação. A polícia está zangada, os militares estão zangados - desde os generais até cá a baixo -, a Igreja está zangada. Quem é que não está zangado com este Governo?", inquiriu.

Perante a sugestão de que o Presidente da República seria uma das pessoas que não está em desacordo com o executivo da coligação PSD/CDS-PP, o fundador do PS sugeriu haver uma acção concertada.

Mário Soares afirmou que o actual Chefe de Estado "pertence ao bando" do Governo, liderado pelo social-democrata Passos Coelho, voltando a sugerir tratar-se de um "caso de polícia".

"Esse (Cavaco Silva) não está (em desacordo com o governo) porque pertence. Pertence ao bando, infelizmente", atirou.
Também presente na sessão evocativa de Salgado Zenha, outro antigo líder socialista e ex-presidente da República, Jorge

Sampaio, furtou-se a comentar matérias da actualidade política, mas deixou a sua opinião sobre a questão no ar.
"Isso é muito difícil de responder, mas imaginem qual é a resposta", afirmou Sampaio.