Semedo diz que moção de censura do PS e remodelação do CDS são "manobrismo político"
Líder do BE critica carta de António José Seguro para "sossegar" a troika e "silêncio cúmplice" de Paulo Portas sobre uma eventual remodelação no Executivo.
Num artigo intitulado Manobras políticas, publicado no site www.esquerda.net, o líder do BE considera que o secretário-geral do PS está "atrasado seis meses" na apresentação de uma moção de censura ao Governo.
"Na altura, disse que seria um ponto de partida e não de chegada. Afinal, não será uma coisa nem outra: o PS não chega nem parte para qualquer lado, fica onde está, isto é, fica com o memorando da troika", critica João Semedo.
O coordenador do BE afirma que "mal anunciou a moção de censura", António José Seguro, secretário-geral do PS, quis "sossegar a troika e a senhora Merkel", afirmando que "o compromisso do PS com o memorando é para continuar".
"Esta é a breve história de uma moção de censura que, antes de o ser, já deixara de o ser. O memorando é o programa do Governo e o programa do Governo é o memorando. Censurar o Governo é condenar o memorando, as políticas que o concretizam e os seus resultados: a austeridade, o aumento de impostos, os cortes nos serviços públicos, as privatizações, o colapso económico, o desemprego", defende Semedo.
Numa segunda parte do seu artigo, com o título Manobras à direita, o deputado do BE lança críticas ao CDS-PP e ao "silêncio cúmplice de Paulo Portas" para dizer que os centristas querem "mudar umas caras para que tudo fique na mesma".
"Viciado no tartufismo político, o partido de Paulo Portas procura salvar um Governo em adiantado estado de decomposição e com os dias contados. Salvar o Governo para salvar o próprio CDS, partido profundamente implicado no desastre que tem sido a política governativa", refere João Semedo.
O deputado do BE acusa o CDS de desconsiderar "os problemas do país" e "a situação das vítimas da austeridade" e de estar preocupado com "a sua sobrevivência política e ambição de poder".
"Fica por saber que ministros quer o CDS remodelar. Certamente que não será Assunção Cristas, cuja lei das rendas ameaça de despejo muitos milhares de idosos. E muito menos Pedro Mota Soares, o ideólogo da caridade como política do Estado e o recordista do corte nos apoios sociais", ironiza.
Semedo sublinha que "por muitos que fossem os remodelados, o primeiro-ministro e os novos ministros continuariam as mesmas políticas" e por isso "remodelar o Governo é uma tentativa de prolongar o mandato de um Governo em declínio" e que "perdeu legitimidade e credibilidade para governar".
"O Governo não tem emenda, não tem solução. Remodelar é dar mais tempo para a sua agonia, ao mesmo tempo que a crise social e económica se agrava. A urgência da demissão do Governo é a urgência de mudar de política, a urgência de tirar o país da crise. Remodelar é adiar a solução que a crise exige e os portugueses reclamam", acrescenta o bloquista.