Semedo diz que moção de censura do PS e remodelação do CDS são "manobrismo político"

Líder do BE critica carta de António José Seguro para "sossegar" a troika e "silêncio cúmplice" de Paulo Portas sobre uma eventual remodelação no Executivo.

Foto
CDS quer "mudar umas caras" para que tudo fique na mesma. Adriano Miranda

Num artigo intitulado Manobras políticas, publicado no site www.esquerda.net, o líder do BE considera que o secretário-geral do PS está "atrasado seis meses" na apresentação de uma moção de censura ao Governo.

"Na altura, disse que seria um ponto de partida e não de chegada. Afinal, não será uma coisa nem outra: o PS não chega nem parte para qualquer lado, fica onde está, isto é, fica com o memorando da troika", critica João Semedo.

O coordenador do BE afirma que "mal anunciou a moção de censura", António José Seguro, secretário-geral do PS, quis "sossegar a troika e a senhora Merkel", afirmando que "o compromisso do PS com o memorando é para continuar".

"Esta é a breve história de uma moção de censura que, antes de o ser, já deixara de o ser. O memorando é o programa do Governo e o programa do Governo é o memorando. Censurar o Governo é condenar o memorando, as políticas que o concretizam e os seus resultados: a austeridade, o aumento de impostos, os cortes nos serviços públicos, as privatizações, o colapso económico, o desemprego", defende Semedo.

Numa segunda parte do seu artigo, com o título Manobras à direita, o deputado do BE lança críticas ao CDS-PP e ao "silêncio cúmplice de Paulo Portas" para dizer que os centristas querem "mudar umas caras para que tudo fique na mesma".

"Viciado no tartufismo político, o partido de Paulo Portas procura salvar um Governo em adiantado estado de decomposição e com os dias contados. Salvar o Governo para salvar o próprio CDS, partido profundamente implicado no desastre que tem sido a política governativa", refere João Semedo.

O deputado do BE acusa o CDS de desconsiderar "os problemas do país" e "a situação das vítimas da austeridade" e de estar preocupado com "a sua sobrevivência política e ambição de poder".

"Fica por saber que ministros quer o CDS remodelar. Certamente que não será Assunção Cristas, cuja lei das rendas ameaça de despejo muitos milhares de idosos. E muito menos Pedro Mota Soares, o ideólogo da caridade como política do Estado e o recordista do corte nos apoios sociais", ironiza.

Semedo sublinha que "por muitos que fossem os remodelados, o primeiro-ministro e os novos ministros continuariam as mesmas políticas" e por isso "remodelar o Governo é uma tentativa de prolongar o mandato de um Governo em declínio" e que "perdeu legitimidade e credibilidade para governar".

"O Governo não tem emenda, não tem solução. Remodelar é dar mais tempo para a sua agonia, ao mesmo tempo que a crise social e económica se agrava. A urgência da demissão do Governo é a urgência de mudar de política, a urgência de tirar o país da crise. Remodelar é adiar a solução que a crise exige e os portugueses reclamam", acrescenta o bloquista.