Seguro anuncia Assis como cabeça-de-lista do PS às europeias
Líder socialista afirma que congresso do PSD foi sobretudo um comício contra o PS.
Neste fim-de-semana, António José Seguro foi desafiado por várias vezes pelos sociais-democratas, reunidos em congresso em Lisboa, a revelar o nome do cabeça-de-lista socialista às europeias. Deu resposta a esse repto em Santo Tirso, durante mais uma conferência distrital do ciclo Novo Rumo, organizado pelos socialistas. “Aproveito este momento para vos dizer que dirigi um convite a Francisco Assis e que o convite para cabeça-de lista-foi aceite”, disse Seguro. “Agora é mãos à obra. Nas próximas eleições está em jogo algo muito simples. Quem achar que o país está mesmo pior, então tem de concentrar os votos no PS, porque só o PS pode derrotar os candidatos da coligação do Governo”, exortou .
Ainda esta manhã, Paulo Rangel, o cabeça-de-lista da coligação PSD/CDS, dizia no congresso dos social-democratas que havia passado mais um dia sem que António José Seguro tivesse conseguido dizer quem seria o primeiro candidato dos socialistas ao Parlamento Europeu.
Francisco Assis disputou a liderança do PS com António José Seguro e, nas últimas semanas, foi uma das vozes socialistas a criticar a direcção nacional do partido por ainda não ter resolvido essa questão.
No final da sessão em Santo Tirso, Francisco Assis, em declarações aos jornalistas, agradeceu a confiança depositada em si pela direcção do PS e observou que estas eleições europeias se vão disputar "num momento crucial" para a sociedade portuguesa. Fez votos de que a campanha eleitoral decorra "sem pequenos truques" e "sem recurso a demagogias", que considerou responsáveis pelo afastamento dos cidadãos da participação política.
Em relação ao seu principal adversário, da coligação de direita, comentou: "O dr. Paulo Rangel estava muito ansioso por saber quem era o candidato do PS. Agora já sabe". Francisco Assis, cuja candidatura ao Parlamento Europeu como primeiro nome proposto pelo PS já tinha sido avançada pelo PÚBLICO, afirmou ainda que a vitória é "o único resultado positivo" para os socialistas nestas europeias.
“Espero bem ganhar. Nunca partimos para eleições com arrogância. Partimos sempre com a noção de que é um combate democrático. Temos todas as condições para ganhar estas eleições. Temos agora de apresentar ao país um programa claro, com aquilo que achamos que são as melhores opções para a Europa”, disse depois aos jornalistas.
Francisco Assis salientou ainda que as próximas eleições europeias são sobretudo uma "oportunidade de debater opções diferentes sobre aquilo que deve ser a Europa”. "O modelo de Europa que temos visto não é aquele com que sonhámos, nem o que estava no espírito dos seus pais fundadores”.
Fonte do PS avançou ao PÚBLICO, que a apresentação formal da candidatura de Assis será a 5 de Março, pelas 21h30, na Alfândega do Porto.
Num discurso de quase meia hora que fez perante cerca de 1500 pessoas, Seguro acusou o PSD de ter “feito um congresso que se transformou num comício de ataque sem precedentes na história, apenas para criticar o PS”. “Se tivessem resultados para mostrar ou ideias sobre o que vão fazer, não vos parece que os teria apresentado? Em vez disso, apenas criticaram o PS e o líder do PS”, clamou ainda num tom em que ficou bem patente a animosidade que imputa ao PSD.
O líder do PS acusou ainda o partido de Pedro Passos Coelho de não ter falado no congresso sobre os desempregados nem sobre os reformados. “Este é o Governo do empobrecimento: 800 mil desempregados e o Governo acha que está tudo bem?”, questionou, para logo contraria a tese do primeiro-ministro de que o país está melhor.
“O país não está melhor, quando o Governo empobrece o país. O país não está melhor, quando o Governo deu cabo da classe média”, sublinhou Seguro que fez questão de vincar que, “se não fosse o PS, o Governo do PSD teria desmantelado o estado social e a escola púbica”. Aliás, Seguro deixou bem claro que, se o PSD “quer um Estado mínimo”, o PS “quer um Estado forte”.
António José Seguro defendeu que, na sua visão e na de Passos Coelho, existem “dois países completamente diferentes”. E acusou o PSD de tentar, com o congresso deste fim-de-semana, fazer uma “manobra de diversão” e “iludir os portugueses para as eleições”.
Em tom jocoso, sublinhou ainda que do conclave social-democrata não saiu nada de novo. A “única novidade que houve foi o primeiro-ministro admitir o problema sério de natalidade do nosso país e anunciar que, para a promover, criou um grupo de trabalho.”