Secretário de Estado defende que “sem boa saúde não há boa economia”

Secretário de Estado da Saúde acusa ministros da Economia e da Agricultura de persistirem em “políticas que perpetuam agressões ao bem-estar das pessoas”.

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Fernando Leal da Costa fala em “chaga” e “flagelo” social Daniel Rocha

Fernando Leal da Costa respondeu esta terça-feira aos seus colegas de Governo e ministros do CDS que criticaram a possibilidade de se taxarem produtos alimentares nocivos para a saúde. Num artigo de opinião, Fernando Leal da Costa, cita vários estudos internacionais e sustenta a relação entre uma população saudável e o crescimento da economia. “Sem boa saúde não há boa economia e as desigualdades acentuam-se”, escreve o governante no PÚBLICO.

Leal da Costa aponta mesmo o dedo a todos os governantes – actuais e anteriores – como uma das razões para o Serviço Nacional de Saúde não fazer mais na prevenção de doenças: “Se mais ainda não foi feito, isso é também devido ao facto do público não estar informado, de existirem resistências bem entrincheiradas, e de uma parte dos decisores políticos  ainda não ter incorporado a importância da diminuição da carga da doença na população, como factor gerador de uma sociedade saudável, condição também decisiva para a economia de Portugal.”

O governante acrescenta ainda que qualquer um dos seus colegas de Governo tem responsabilidades perante o bem-estar dos portugueses, independentemente da pasta que ocupem. “O Governo, no seu todo, é responsável pela saúde da população, independentemente da esfera aparentemente limitada a cada ministro”, defende.

O secretário de Estado insinua ainda no texto intitulado "O saber não ocupa espaço" que o que está por trás das reticências centristas tem que ver com cálculos eleitoralistas: "Estas medidas têm custos políticos que necessitam de vontade política para serem ultrpassados."

Instada a retomar a medida numa audição parlamentar, Assunção Cristas deu mostras de não ter sido sensível aos argumentos de Leal da Costa.  “Não mudei de opinião, não me parece que seja por aí que as coisas se podem mudar”, disse. O PÚBLICO tentou obter uma reacção da parte do CDS à réplica do secretário de Estado. Ninguém quis assumir abertamente uma resposta, mas um dirigente do CDS comentou: "O saber não ocupa espaço, a arrogância ocupa muita". 


Mas o secretário de Estado visa mesmo, directamente, dois dos seus colegas de Governo que se manifestaram abertamente contra a medida. “É errado invocar a economia para justificar a persistência de políticas que perpetuam agressões ao bem-estar das pessoas”, acusa Leal da Costa. Uma resposta ao ministro da Economia, Pires de Lima, que há dias, reagiu às notícias falando de uma “ficção”: “Não há taxa. É uma ficção, um fantasma que nunca foi discutido em Conselho de Ministros e cuja especulação só prejudica o funcionamento da economia.”

A ministra da Agricultura também teve réplica. “A indústria agro-alimentar é sempre beneficiada quando se defende o maior consumo de fruta, de sumos naturais ou de saladas temperadas com azeite e limão”, escreveu Leal da Costa.

Um tiro directo a Assunção Cristas. Que há dias também se manifestara contra. “Posso dizer que essa matéria não foi discutida no Conselho de Ministros e, portanto, eu creio que não vale a pena estarmos a falar sobre aquilo que, na minha perspectiva, é, neste momento, uma não questão”, desvalorizou então Assunção Cristas.

O vice-primeiro-ministro e líder do CDS, Paulo Portas, comentou também a possibilidade. De uma forma mais diplomática que os seus ministros deu a entender que estava contra o alcance pretendido pela equipa do ministério da Saúde. No passado dia 21 de Abril, numa comissão parlamentar, Portas assegurou que o esforço que o Governo terá de fazer na área da saúde "para saldar contas" e obter "equilíbrios no futuro" será compensado "através de uma redução de rendas na indústria fornecedora de medicamentos e também na área da tributação do tabaco e do álcool".

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