Santana Lopes fora da corrida à Presidência da República

Antigo primeiro-ministro garante que não avança para Belém.

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Santana Lopes: "Até Outubro, sobre presidenciais não falo mais” Daniel Rocha (arquivo)

Santana Lopes tinha deixado várias vezes em aberto nos últimos meses a possibilidade de se candidatar a Belém nas eleições do próximo ano.

"Não serei candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Tomei esta decisão, considerando os meus deveres enquanto Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, também, as minhas responsabilidades profissionais", justifica Santana Lopes à Lusa, invocando igualmente como relevante a importância de manter a disponibilidade para a sua família.

Santana Lopes, que em Janeiro tinha afirmado que poderia ser candidato às eleições presidenciais do próximo ano, justifica o anúncio da sua não candidatura por esta decisão nada ter a ver com o resultado das próximas legislativas.

"Deixar a divulgação desta decisão para depois de 4 de Outubro nunca permitiria esclarecer uma provável dúvida desse teor", sublinha, acrescentando que seja a decisão negativa "em nada perturba, nem mistura, só clarifica".

Santana Lopes, que pede para o seu nome deixar de ser incluído em futuras sondagens e estudos de opinião, sublinha que existem "outros dois candidatos anunciados" na sua área política, numa referência implícita a Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio, e que um deles - o comentador político da TVI - já garantiu "que nada o impedirá de ser candidato, nem sequer a apresentação de outros candidatos na mesma área política".

"Por outro lado, a generalidade dos estudos de opinião, sendo lisonjeiros, não me coloca numa posição cimeira, o que diminui o meu dever", refere, no comunicado enviado à Lusa, acrescentando que sempre disse que "não correria por correr" e que apenas iria a votos se tivesse "fortes possibilidades" de vencer as presidenciais.

O ex-primeiro-ministro sublinha que nunca teve receio de disputar eleições e que já recuperou de grandes desvantagens em sondagens: "Só que a questão não é de coragem, mas sim a da noção do dever maior".

"E o meu dever maior é com os projectos que estou a desenvolver na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e que quero mesmo concretizar, ao longo deste segundo mandato, por serem cruciais para muitos que sofrem", disse.

Santana Lopes realçou ainda a dificuldade de tomar esta decisão, sobretudo quando "há 36 anos, de um modo ou de outro, se estuda, se lida, se investiga, se publica, se trabalha sobre a função do Presidente da República no nosso sistema de governo e, de vários ângulos, se lidou com o desempenho da Suprema Magistratura da Nação".

"Desejo felicidades a quem tomar a decisão de ser candidato à Presidência da República, muito especialmente, como se compreenderá, aos dois que estão anunciados no espaço político a que também pertenço", termina, na nota.

Pedro Santana Lopes foi deputado, secretário de Estado da Cultura, presidente da Câmara Mundial de Lisboa e primeiro-ministro do XVI Governo Constitucional, de coligação entre PSD e CDS-PP, que chefiou entre 2004 e 2005.