Quando lhe dizem “venha, ajude”, Soares vai

Ainda convalescente, Mário Soares foi à Figueira da Foz ajudar o PS a ganhar.

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Mário Soares esta quarta-feira na Figueira da Foz Adriano Miranda

Apesar de ter dito que não voltaria tão cedo, o fundador do PS, 88 anos, ainda convalescente, explicou que quando “o que está em jogo é o partido” nestas autárquicas e se “o partido está a passar por momentos difíceis, quando me pedem ‘venha, ajude’, eu vou”.

Soares levantou-se para discursar alguns minutos em apoio de Ataíde por quem tem “uma grande simpatia” e fez o esforço de estar na Figueira “para ele ganhar, a bem de todos; sei quem eles são e sei que fazem um bom trabalho, e que continuem”.

Ataíde reconheceu “a frescura e a lucidez” de Soares e disse esperar “estar à altura da mensagem que nos foi transmitindo ao longo destes anos”. “A sua presença na Figueira enche-nos de coragem nesta fase final da campanha”, concluiu.

Falando da encefalite que sofreu este ano, Mário Soares contou que esteve “dez dias em coma, às portas da morte”. Apesar de ter tido “sempre uma saúde absolutamente extraordinária”, aos 88 anos admite ser já “uma pessoa com muita idade, mas sempre muito activo e nunca estive doente”. Agradeceu à equipa médica que o acompanhou: “Salvaram-me a vida, o que é uma coisa boa.”

Decidiu, por isso, afastar-se momentaneamente da política. “A convalescença não tem sido fácil”, reconheceu. Entendeu que “não devia assumir funções políticas como tinha feito até então”. Quis manter-se em silêncio até Outubro: “Em Agosto fui para a praia, fiz muito exercício físico, mas política – zero!” Deixou de escrever para os jornais, mas continuou a escrever livros porque lhe dão “muito alento”.

Como não pode “correr de um lado para o outro”, nesta campanha eleitoral Soares visitou apenas três concelhos: “Estive em Sintra e acho que vamos ganhar.” Esteve ao lado de António Costa, “que vai ganhar em Lisboa”. E veio à Figueira da Foz.

Falou de Portugal e da crise. Deixou um recado a Angela Merkel: “A crise que estamos a viver é também uma crise europeia, mas existe porque falharam os dois grandes partidos que fizeram a Europa, a social-democracia e a democracia cristã a sério. Mas as coisas vão mudar para melhor”, disse. “Ao contrário do que dizem, a senhora Merkel não ganhou, não foi maioritária, tem de contar com o auxílio dos sociais-democratas na Alemanha e eles sempre nos ajudaram.”

Depois do encontro, Soares quis ir a Buarcos, à praia da sua infância. Tomou um chá e foi cumprimentado por um representante dos pescadores da Figueira. “Soares é fixe”, cantou-se por fim.
 
 

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