O dia em que os simpatizantes valem mais que os militantes

Cerca de 700 secções de voto estão abertas para militantes e simpatizantes do PS elegerem o candidato a primeiro-ministro. Escolha é entre Costa e Seguro.

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Pela primeira vez, a escolha do líder do PS não é feita apenas por militantes Pedro Cunha/Arquivo

A votação decorre entre as 9h e as 19h deste domingo e estará em funcionamento pelo menos uma mesa de voto por concelho. Ao todo serão cerca de 700 mesas de voto, incluindo as regiões autónomas, Macau, Toronto, Brasil, França, Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Suíça.

As mesas funcionarão em sedes do PS, mas também em edifícios públicos normalmente usados como sede de votação nas eleições institucionais nacionais, como escolas ou bibliotecas. Mas também há mesas de voto a funcionar, por exemplo, em centros comerciais ou quartéis de bombeiros. O objectivo é que os militantes e simpatizantes do PS possam exercer o seu voto, explicou ao PÚBLICO Jorge Coelho, que anunciou o inédito universo eleitoral que os socialistas reuniram: “São cerca de 93 mil militantes mais 150 mil simpatizantes, ao todo temos um universo eleitoral de 243 mil pessoas”.

Além destes números, Jorge Coelho explicou ao PÚBLICO que estas eleições movimentam, só na estrutura que montou, perto de cinco mil pessoas para que as 700 mesas possam funcionar.

As mesas estão organizadas ao nível das assembleias de freguesia das secções do PS. Mas se há concelhos em que há apenas uma mesa, há zonas mais povoadas e urbanas que têm várias mesas a funcionar.

Cada mesa tem cinco membros. A saber: três membros que são indicados pela Comissão Eleitoral, mais dois delegados electivos, um por cada candidatura, as quais terão de indicar também cada uma, um delegado suplente. Os membros fixos da mesa são dirigentes do PS, nacionais, federativos ou locais. Ambas as candidaturas terão o pleno de delegados nas mesas, confirmaram ao PÚBLICO João Proença e Duarte Cordeiro, respectivamente responsáveis das candidaturas de Seguro e de Costa.

Serão estes dirigentes que estarão nas mesas de voto mais os delegados das candidaturas que, depois das 19h, procederão à contagem dos votos depositados na urna de cada mesa durante o dia. Os resultados finais serão então inscritos nas actas de votação, onde ficará também registado como correu o dia eleitoral.

Os membros da mesa deverão então comunicar por telefone com as federações distritais para indicar os valores das votações, ou seja, quantos votos teve cada candidato, bem como quantos nulos ou branco existiram na sua mesa.

Para que este processo esteja hoje em funcionamento sem percalços, na quinta-feira foram distribuídos a nível nacional por uma empresa de transportes os kits eleitorais, compostos, segundo Jorge Coelho, por vários elementos que garantem o regular funcionamento do processo das primárias.

Cada mesa tem assim, enviados pela comissão eleitoral, os boletins de voto, em que, por sorteio, António Costa surge em primeiro lugar, o caderno eleitoral respectivo de cada mesa, um guião eleitoral que explica todos os procedimentos a seguir nestas primárias, bem como impressos de actas de votação e registos de reclamações.

Da parte das candidaturas, as expectativas anunciavam-se positivas em relação à forma como decorrerá o processo. João Proença, responsável pela candidatura de Seguro declarou ao PÚBLICO que “poderá haver um ou outro problemazinho com os simpatizantes que não sabem onde é a secção onde votam, mas os incidentes serão menores”.

Proença sublinhou mesmo que estas primárias são “um processo inovador”. E lembrou que, se nas eleições do PS “costumam votar trinta e tal mil militantes, agora serão muito mais pessoas a fazê-lo”, uma vez que votam “não só os militantes com as quotas em dias, votam também os militantes que não têm as quotas em dia e os simpatizantes.”

Duarte Cordeiro, responsável pela candidatura de António Costa, afirmou ao PÚBLICO que esta candidatura terá “delegados em todas as secções”, mas dará “especial atenção a algumas secções onde parece haver uma excessiva concentração de inscritos e surge a hipótese de haver algo fraudulento”. Por outro lado, terão “uma equipa de juristas, coordenada por Pedro Delgado Alves, para centralizar dúvidas e denúncias” que os seus delegados nas secções de voto lhes encaminhem.

Este responsável pela candidatura de António Costa, sublinha que “o PS está mais do que habituado a organizar eleições” e destaca que “a Comissão Eleitoral tem feito uma grande esforço e elaborou mesmo um guia de apoio”.

Cordeiro faz, contudo, questão de apontar “dois factores novos” que podem complicar o processo. “A quantidade de pessoas inscritas poderá fazer alguma pressão nas mesas e pode levar a formação de filas de espera para votar”, afirma.

Já o “outro factor novo é a mudança de regras: no PS os militantes votavam com o cartão do partido ou duas testemunhas, agora todos têm de apresentar o cartão de identificação civil”, explica Duarte Cordeiro. E conclui: “Na generalidade das situações não haverá problemas. Houve preocupação na preparação, espero que decoram na generalidade sem incidentes.”

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