PS conquista maioria das câmaras do Algarve mas PSD resiste em Faro
No discurso da vitória, Bacalhau afastou leituras nacionais que possam ser atribuídas ao significado desta vitória. “Os farenses perceberam que o que estava em causa não eram as legislativas”, disse, lembrando que o período de contacto directo com eleitores levou-o a corrigir a prioridade de algumas das linhas de acção do seu programa: “Vou dar prioridade ao espaço público”, disse, salientando que não vai dar tréguas ao Governo até que seja concluída a variante à cidade: “Vamos ter de resolver rapidamente” o problema das acessibilidades, ligadas ao projecto de requalificação da Estrada Nacional (EN) 125.
O PS volta a ter maioria da presidência das câmaras algarvias – 10. Com este resultado, os socialistas têm condições para regressar à presidência da Associação de Munícipios do Algarve (Amal), liderada por Macário Correia desde 2002. Do conjunto dos três municípios conquistados pelo PS ao PSD (Loulé, Lagoa, Alcoutim), é Loulé aquele que ganha especial significado político, por ser um dos tradicionais bastiões dos sociais-democratas na região. O vencedor das eleições na terra natal de Cavaco Silva é Vitor Aleixo, neto do poeta António Aleixo, que escolheu a escritora Lídia Jorge para presidente da comissão de honra da candidatura. Dois autarcas, do PSD, que saltaram de um concelho para outro, devido à lei da limitação de mandatos, também merecem destaque. Francisco Amaral, que trocou Alcoutim por Castro Marim, teve êxito; mas o candidato que saiu de Castro Marim à conquista de Tavira foi derrotado pelo PS.
Francisco Amaral, médico de profissão, foi presidente da Câmara de Alcoutim durante quase duas décadas e com mais esta vitória entra no lugar cimeiro da galeria dos dinossauros. Um outro médico, Seruca Emídio, que esteve à frente do município de Loulé nos últimos 12 anos, não se apresentou às eleições — apoiou a candidatura do ex-presidente da Região de Turismo, Hélder Martins, mas não foi suficiente para que o PSD se mantivesse no poder.
Hélder Martins seguiu um estratégia de ruptura com o passado, não tendo na lista qualquer elemento do anterior executivo, o que dividiu o PSD, e saiu derrotado. Em Faro, Rogério Bacalhau defendeu que vai “manter uma postura de diálogo com a oposição" — terá de governar sem maioria no executivo e na assembleia municipal. Na hora de celebrar a vitória, ignorou Macário Correia, não fazendo qualquer referência ao antecessor, mas, pressionado pelos jornalistas, respondeu: “Falámos esta noite, três vezes, ao telefone, deu-me os parabéns.”