PS com a "certeza" de que a austeridade vai continuar em Portugal
"Após esta reunião, o PS ficou com uma certeza: O programa de assistência financeira até pode acabar formalmente amanhã, mas a política de austeridade vai continuar. O Governo continua a negociar mais cortes com a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional)", acusou Eurico Brilhante Dias, membro do Secretariado Nacional do PS.
Eurico Brilhante Dias falava aos jornalistas no final de uma reunião com a troika no âmbito da 12.ª avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), que durou uma hora e contou com a presença do secretário-geral do PS, António José Seguro.
"O PS teve a oportunidade de dizer hoje à troika, mais uma vez, que o país precisa de parar com a política de empobrecimento, de cortes nos salários e nas pensões e com o encerramento abrupto de serviços públicos. Os portugueses precisam de ter um horizonte de esperança, orientado para o crescimento e para a criação de emprego", contrapôs o dirigente socialista.
Perante os membros da troika, nesta reunião, que foi a última integrada no actual programa de ajustamento, Eurico Brilhante Dias disse que o PS apresentou um balanço dos resultados registados no país nos últimos três anos, concluindo que Portugal tem hoje "mais dívida, muito mais desemprego e não resolveu o problema do défice".
"Esta política levada a cabo pelo Governo PSD/CDS gerou péssimos resultados - resultados que são sentidos pelos portugueses. É preciso parar com os cortes", insistiu o membro do Secretariado Nacional do PS.
Na reunião, pela parte do PS, além de António José Seguro e de Eurico Brilhante Dias, estiveram presentes os dirigentes socialistas Alberto Martins, Carlos Zorrinho e Óscar Gaspar.
Divergências que preocupam troika são entre Passos e Portas, diz PS
Eurico Brilhante Dias também afirmou, no final do encontro, que a troika está mais preocupada com a ausência de consenso entre Passos Coelho e Paulo Portas, do que sobre a falta de acordo político entre o Governo e os socialistas.
Interrogado se a troika se mostrou apreensiva com a perspetiva de ausência de acordo político entre o PS e o Governo a curto e médio prazo, designadamente no plano financeiro, Eurico Brilhante Dias disse ter uma interpretação diferente a propósito dessa matéria. “Quanto à questão fiscal, a troika está é preocupada com o consenso dentro do Governo e não com o PS, porque o primeiro-ministro [Pedro Passos Coelho] diz uma coisa e o vice-primeiro-ministro [Paulo Portas] diz outra. A ministra das Finanças [Maria Luís Albuquerque] fala de uma taxa e o ministro da Economia [Pires de Lima] desmente a taxa. Se quanto à questão fiscal há um problema, esse problema é dentro do Governo”, alegou o dirigente socialista.
Eurico Brilhante Dias foi ainda mais longe em defesa da sua tese: “Se a troika está preocupada, é com a relação do dr. Pedro Passos Coelho com o dr. Paulo Portas, e não com o PS”.
“Voltaremos a repetir isto tantas vezes quantas forem necessárias: O PS sempre defendeu uma consolidação orçamental sustentável, faz parte de um amplo consenso nacional em torno da sustentabilidade das contas públicas e expressou esse consenso votando o tratado fiscal na Assembleia da República. Esse consenso não será posto em causa pelo PS, mas esperemos que nenhum dos partidos da maioria o faça”, comentou, numa nova alusão indirecta ao CDS.
Ainda sobre o ponto referente aos consensos políticos em Portugal, o membro do Secretariado Nacional do PS observou que os membros da troika “também lêem jornais e vêem as televisões”. “Quem tem colocado de forma insistente na agenda a diminuição da sobretaxa em IRS é o senhor vice-primeiro-ministro, porque o primeiro-ministro tem outra opinião. Quanto ao aumento de impostos, a ministra de Estado e das Finanças anunciou mais um (taxas sobre os produtos nocivos para a saúde e sobre a indústria farmacêutica)”, apontou a título de exemplo. Ou seja, de acordo com Eurico Dias, “do lado do CDS, há uma tensão em torno dessas taxas”. “Se há divergência em Portugal quanto à questão fiscal, essa divergência, na última semana, não envolve seguramente o PS. É um problema de consenso no seio do Governo”, reforçou.
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