Presidente alemão elogia “reformas bem-sucedidas” em Portugal

Joachim Gauck realiza uma visita de dois dias a Portugal acompanhado por um grupo de empresários.

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Presidente alemão não deu qualquer exemplo de reformas que considera positivas Michael Kappeler/Reuters

“Aqui, em Portugal, temos um bom exemplo de reformas bem-sucedidas e da solidariedade europeia prestada. Aquilo que foi conseguido na Europa não impediu Portugal de enveredar pelo rumo das reformas, não, ajudou Portugal. Isso é de facto impressionante”, afirmou em resposta a um jornalista alemão, que tinha questionado os dois chefes de Estado sobre os chumbos do TC que têm “travado” as medidas.

O Presidente alemão não deu qualquer exemplo de reformas que considera positivas. Já Cavaco Silva seguiu como exemplo a posição precisamente do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, há duas semanas no Algarve, quando questionado sobre as decisões dos juízes do Palácio Ratton. “Sigo a regra que um ministro alemão afirmou publicamente. As decisões do Tribunal Constitucional não se comentam, respeitam-se”, afirmou o Presidente português, assumindo “estar convicto” de que Portugal “continua no rumo da consolidação das contas públicas” e na prossecução de “reformas que são indispensáveis para a economia portuguesa”. E concluiu: “Aprendemos a lição nos últimos anos”.

Os dois presidentes salientaram as boas relações entre os dois países e Joachim Gauck, que viaja com um grupo de empresários, anunciou a disponibilidade para reforçar os investimentos em empresas portuguesas como a AutoEuropa e a Leica.

Ambos foram questionados sobre a solidariedade alemã face a países em dificuldades como a Grécia e Portugal. Cavaco Silva assegurou que “nas questões fundamentais nunca faltou solidariedade da Alemanha, na flexibilização das metas do défice, na maturidade da dívida ou no quadro financeiro plurianual 2014-2020”. O Presidente alemão, por seu turno, respondeu que a solidariedade alemã fez-se notar nos “grandes meios financeiros que são disponibilizados para a Europa” e no apoio à criação do mecanismo europeu de estabilidade financeira e no facto de a Grécia começar a pagar os empréstimos em 2040.

Quanto aos tratados europeus – o Tratado de Lisboa e o pacto orçamental –, Joachim Gauck sublinhou que “levaram tanto tempo a ser negociados para agora serem postos em causa”. Na mesma linha, Cavaco Silva considerou ser “difícil pensar que regras que levaram tanto tempo a negociar se podem modificar”. E defendeu que os países devem acomodar-se às regras em vigor: “É preciso ver como é que cada país pode querer o melhor para si tendo em conta os interesses europeus”.

Cavaco reafirma apoio a Juncker
Questionado pelos jornalistas  sobre a presidência da Comissão Europeia e a posição do Reino Unido, que se manifestou contra a nomeação de Jean-Claude Juncker, Cavaco Silva, afirmou que as expectativas criadas aos cidadãos europeus face ao presidente da Comissão Europeia "devem ser respeitadas" com a nomeação de Jean-Claude Juncker, enquanto candidato indicado pela família política mais votada nas eleições para o Parlamento Europeu.

"Portugal tem uma posição em relação a escolha do próximo presidente da Comissão. Foram criadas expectativas aos cidadãos e essas expetativas devem ser respeitadas", declarou.

Já o presidente alemão recusou pronunciar-se directamente sobre a matéria. "Serão os governos e os membros do Parlamento Europeu a falarem", disse o Presidente alemão, acrescentando não querer uma Europa sem os britânicos.

Sem se pronunciar sobre a posição do Reino Unido, Cavaco Silva afirmou que "foi dito que o candidato apresentado pela força política que viesse em primeiro lugar, depois das eleições ao Parlamento Europeu, seria aquele que seria proposto ao Parlamento Europeu para presidente da Comissão Europeia".

 

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